Em meados de 2022, foram detectados sete mil funcionários fantasmas que constavam da folha de salários das Forças Armadas de Moçambique.
O caso foi descoberto durante a realização da prova de vida, onde todos os funcionários públicos são chamados a dar provas da sua existência. Entretanto, após a realização da referida prova, foi verificada a existência de sete mil militares fantasmas que recebiam salários canalizados para os altos quadros das FADM.
Dado preocupante é que, passados cerca de dois anos após a descoberta dos sete mil fantasmas, até ao momento não foram apresentadas as conclusões do caso, sob a alegação de que as investigações em torno do mesmo caso continuam sendo feitas.
Argumento este que em Setembro do ano 2022 foi referido pelo ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, e em 2023 o mesmo argumento foi apropriado pelo Director Nacional dos Recursos Humanos do MDN, Jorge Leonel.
Rombo no MDN
Durante a governação de Cristóvão Chume, alguns casos referentes à corrupção foram descobertos. Um deles é referente a meados do ano 2024, onde houve a descoberta de um rombo de 52 milhões de meticais no Ministério da Defesa Nacional.
A referida apropriação indevida foi tornada pública pelo Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC), que revelou o rombo de 52 milhões de meticais no Ministério da Defesa Nacional (MDN), onde estão envolvidos cinco altos quadros daquela instituição.
Entretanto, com o caso, o Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) deteve, no mês de Agosto do mesmo ano, três membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), que exerciam funções na área de administração e finanças. E também foram detidos outros quatro indivíduos do sector de construção civil sem vínculo com o Estado. Porém, até ao momento, as repercussões do caso ainda não foram devidamente apresentadas.
Forças locais em Cabo Delgado
Outro dado que terá sido bastante polémico na governação de Chume é relativo à introdução de forças locais em Cabo Delgado, compostas por antigos combatentes da guerra armada.
No início do ano 2023, o Governo moçambicano formalizou, por meio de um decreto publicado em Abril do mesmo ano, a actuação dos grupos de milicianos, designadas por Forças Locais, por forma a dar o seu auxílio no combate ao terrorismo em Cabo Delgado.
A formalização dos milicianos foi feita um ano após o ministro da Defesa Nacional ter manifestado interesse em formalizar a força local que foi inicialmente mobilizada pelo Estado em 2020.
Mas apesar da sua integração ter sido alvo de polémicas na esfera pública, as autoridades reconheceram o trabalho que está sendo feito no combate às insurgências em Cabo Delgado pela Força Local suportada pela Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLN), em coordenação com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FDS) e as tropas estrangeiras. O factor da Força Local ser composta por guerrilheiros locais com domínio geográfico onde decorrem os conflitos, constitui uma grande vantagem.
Presença dos militares ruandeses em Cabo Delgado
Os militares ruandeses estão em Cabo Delgado desde Julho do ano 2021 graças ao apoio da União Europeia, orçado em 20 milhões de euros, uma decisão que não foi debatida no Parlamento moçambicano. A principal missão da presença das forças ruandesas em Moçambique centra-se no combate, junto das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), aos terroristas que desde 2017 assolam a província de Cabo Delgado. A chegada das forças ruandesas à Moçambique, alicerça-se na sequência da assinatura de vários acordos entre os dois países em 2018.
Dentre as conquistas resultantes da presença das forças estrangeiras destaca-se a reconquista de Mocímboa da Praia, que durante um ano foi ocupada por combatentes.
Retirada das forças do SAMIM
Um dado também ligado ao combate em Cabo Delgado e que foi motivo de debate na esfera pública moçambicana é referente à retirada das forças da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM), do combate em Cabo Delgado.
A SAMIM que terá chegado em Moçambique em 2021, por forma a reforçar as FADM na guerra de Cabo Delgado, compreende tropas de oito países contribuintes da SADC, nomeadamente Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto, Malawi, África do Sul, República da Tanzânia e Zâmbia.
A retirada da referida força, que terá iniciado em Abril do ano 2024, segundo explicou a ministra dos Negócios Estrangeiros, Verónica Macamo, foi sustentada pela falta de fundos para manter as Forças da África Austral no país. Peso embora as forças do SAMIM tenham se retirado do país, os militares ruandeses permanecem no combate ao terrorismo em Cabo Delgado.
No ano 2021, quando Jaime Neto estava na liderança do Ministério, informações foram postas a circular, estas que denunciavam o suposto uso de minas terrestres pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS) no combate aos terroristas em Cabo Delgado.
Porém, o porta-voz da Defesa Nacional, Omar Saranga, refutou as referidas informações referindo que não usava minas terrestres em respeito às convenções e tratados internacionais assinados por Moçambique. Também afirmou que havendo o uso desses engenhos, só poderá ser feito pelos terroristas.
Distritos tomados por terroristas
No final do ano 2020, o porta-voz do Governo, Filimão Suazi, durante o fim de uma sessão do Conselho de Ministros, ao ser questionado sobre o número de distritos de Cabo Delgado que até ao momento estavam na posse dos terroristas terá referido que tal cenário não se verificava naquele ponto do país, alegando que todos os distritos estão sob a gestão do Governo.
Porém, facto curioso é que os pronunciamentos do porta-voz do governo surgiram há cerca de, praticamente, um mês após as Forças de Defesa Social (FDS) terem recuperado a vila sede distrital de Muidumbe, em Cabo Delgado, que estava sob controlo de terroristas desde 31 de Outubro do ano de 2020.
Militares envolvidos em saques bancários
No final do ano de 2021, informações que davam conta da detenção de mais de 30 militares por suspeitas de saquearem bancos foram revisitadas. Os referidos militares foram detidos no Estabelecimento Penitenciário de Cabo Delgado, localizado em Mieze, no distrito de Metuge.
Os supostos saques aos bancos comerciais (BCI, Standard Bank e Millennium BIM) pelos 30 militares aconteciam durante o ataque de grupos insurgentes a Palma, e por consequência levarão cerca de 60 milhões de meticais. (INTEGRITY)







