Daniel Nivagara: Um legado de ausência e projectos não executados no Ensino Superior de Moçambique

INTEGRITY-MOÇAMBIQUE, 13 de Janeiro de 2025-Durante o período de governação de Daniel Nivagara como Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o sector do ensino superior em Moçambique enfrentou uma série de desafios que revelaram a fragilidade de uma liderança ausente e desconectada das reais necessidades do país.

Marcado por uma das promessas não cumpridas, essa declaração não cumprida, culminou em projectos mal concebidos e uma incapacidade de gestão, o período de Nivagara ficará para a história como um dos mais críticos para o ensino superior no país.

Uma das iniciativas que mais simboliza o insucesso da governação foi o projecto “Um estudante, um computador”, lançado em 2020 pelo então Presidente Filipe Nyusi. Destinado a fornecer computadores aos estudantes universitários com necessidades financeiras e dificuldades no acesso às tecnologias durante a pandemia da Covid-19, o programa fracassou antes mesmo de sair do papel.

Em 2022, Nivagara admitiu que nenhum computador havia sido adquirido, justificando a inércia com a falta de critérios claros para a implementação. Este desmentido contradiz declarações do seu próprio Director de Planificação, Alberto Tonela, que havia garantido, em algumas declarações à imprensa, que os computadores seriam entregues até Novembro. A frustração gerada por esta contradição expôs a falta de coordenação no ministério e lançou dúvidas sobre a seriedade com que as promessas governamentais eram feitas.

O período de Nivagara também foi marcado por greves na Universidade Eduardo Mondlane (UEM) em Dezembro de 2022. Essas greves ocorreram devido a atrasos salariais superiores a dois meses e a não aplicação da Tabela Salarial Única (TSU). Durante as mobilizações, o ministro limitou-se, no mesmo ano, a apelos por “calma e paciência”, sem apresentar soluções concretas. Havia um aparente distanciamento do ministro quando se tratava de assuntos relacionados ao ensino superior. Esse distanciamento reforça a ideia de uma liderança ausente e desconectada da realidade do ensino superior.

Na presença de Nivagara no mistério, não foram notórias melhorias nas infraestruturas do sector, em nenhum momento houve um projecto para a formação daqueles professores que já haviam sido identificados para formação em 2017, por somente possuírem o nível de licenciatura. A ausência de políticas eficazes e a falta de uma liderança visionária que resulte ou em pouca utilização estratégica dos recursos disponíveis, foi um facto notório.

Além disso, dados apresentados pelo Conselho Nacional de Avaliação e Qualidade (CNAQ) em 2023 revelaram um cenário desolador no sistema de ensino superior no país. Dos 72 cursos avaliados, apenas dois foram classificados como excelentes. A maioria das formações continuou a operar sem cumprir padrões mínimos de qualidade, expondo a falta de fiscalização e a precariedade das condições de ensino.

A ausência de políticas eficazes para a qualificação dos docentes agravou o problema, já que metade dos professores universitários possuía apenas o grau de licenciatura, perpetuando a superficialidade do ensino e comprometendo a preparação dos estudantes para o mercado de trabalho.

O mandato de Daniel Nivagara terminou sem que o ensino superior tivesse avançado nos aspectos mais básicos. A sua ausência enquanto líder e a incapacidade de implementar soluções reais deixaram o sector em crise, com uma juventude à sua sorte. (IMN)

Exit mobile version