No meu País, porém, os meus presidentes são lembrados por serem eles os promotores de ideologias segundo as quais:
- O cabrito come onde está amarrado;
- Mr. 5%;
- Rei das Portagens.,
E por falar em portagem, em 2022, inspirado pelo professor Adriano Nuvunga e a sua luta contra a corrupção, promovemos a primeira manifestação contra os exorbitantes preços das pistas de portagem.
Defendíamos então, que os preços de 40 meticais praticados na EN4 pela concessionária Trac, só atingiu esse valor depois de 20 anos, o curioso é que o Governo de Moçambique, composto por homens de negócios que só querem dinheiro do nada decidiram colocar o preço das Portagens a um valor igual, sem obedecer os critérios de subida gradual observados pela Trac.
Argumentamos também, que a Trac, usou fundos sul-africanos para construção da estrada, sendo que a circular foi concebida com os impostos dos Moçambicanos, o governo rebateu que a colocação das Portagens visava garantir a manutenção da via e também a construção de novas estradas, algo que até hoje volvidos 3 anos, ainda não aconteceu.
Em outras palavras, Guebuza fez a estrada circular, com o seu jeito criativo e visionário, Nyusi por seu turno, com o seu jeito ambicioso e ditatorial, veio e instalou as barricadas em forma de portagem.
De lá para cá, nenhuma obra de vulto foi realizada ao longo da circular, a única coisa que sabemos é que vários governantes da FRELIMO tiram dividendos das Portagens e muito provavelmente incluindo o próprio Presidente da República é por isso que este País não cresce.
Mia Couto uma vez escreveu:
“A maior desgraça de uma nação pobre é que, em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza. Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos, mas de endinheirados. Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.”
É disso que estamos a falar, eu desafio o executivo a trazer aqui as contas destes três anos desde a colocação de Portagens, quanto dinheiro foi feito, quanto foi gasto na alegada reabilitação da respectiva rede viária.
O último aspecto, concernente a construção de novas vias de acesso, não precisamos abordar, pois nenhuma nova via foi construída!
Em países como África do Sul, por exemplo… Percebemos a razão da existência de pistas de portagem que por sinal não estão na cidade, tal como acontece em Moçambique!
Na África do Sul, as estradas são de padrão internacional, até melhor que algumas cidades americanas ou europeias, isso é governação, isso é trabalhar para o povo, ruas amplas, bem feitas, iluminadas e seguras de se conduzir.
Mesmo com esse desenvolvimento, o ANC perdeu a maioria absoluta nas últimas eleições, já a sua congénere FRELIMO, reclama 70/65% dos votos (doa a quem doer).
As portagens em Moçambique são (bolada) dos grandes, elas não ajudam em nada a população.
Uma vez comentei com alguém que o dinheiro das Portagens devia servir para construção de estradas nos bairros e a pessoa respondeu que não, aquele dinheiro não era para isso.
É para o quê, então?
É exactamente isso que os governantes gostam, que a sociedade fique a pensar que o dinheiro do gás não é para construção de escolas, dinheiro da energia não é para hospitais, dos rubis não é para estrada e no final do dia (…) é para os filhos deles!
Enquanto o salário mínimo não for 20 mil meticais, enquanto a portagem realmente estiver para garantir a manutenção das vias com pista de portagem, sugiro mais uma vez que se pratique preços como 10 ou 15 meticais por viatura, eles não fazem nada, quem trabalha somos nós, o dinheiro é nosso, 40 meticais, 125 meticais ou 200 meticais por portagem, é muito dinheiro.
As portagens em Moçambique só servem para aumentar a pobreza das massas e enriquecimento dos governantes.
Clemente Carlos
Jornalista e Activista Social
11ª de 15 Cartas
Ofício da Verdade