A líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, foi libertada depois de ter sido “violentamente intercetada” à saída da manifestação em que participou esta quinta-feira, denunciou a sua comitiva.
No X, o Comando Con Venezuela informou que Machado fora “violentamente intercetada à saída da concentração em Chacao”, acrescentando que elementos do regime dispararam contra a moto em que seguia.
Cerca de duas horas depois, a comitiva da opositora venezuelana revelou que Machado fora “intercetada e derrubada da moto em que se deslocava” sob ameaça de armas de fogo. “Levaram-na retida pela força. Durante o período em que foi sequestrada foi forçada a gravar vários vídeos e foi entretanto libertada”.
Nas redes sociais, o movimento que acompanha Maria Corina Machado diz que a opositora venezuelana irá dirigir-se ao país para explicar o sucedido.
A líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, deixara a clandestinidade pela primeira vez em meses, arriscando-se a ser presa para se juntar aos manifestantes antigoverno que fazem esta quinta-feira uma última tentativa para impedir que o presidente Nicolás Maduro seja empossado para outro mandato, após uma eleição marcada pelas acusações de fraude.
Os protestos na Venezuela acontecem um dia antes de Maduro prestar juramento perante a Assembleia Nacional, controlada pelo partido no poder, para um terceiro mandato de seis anos, apesar das provas credíveis de que perdeu as eleições presidenciais. Machado apelou aos seus apoiantes para que se manifestassem em toda a Venezuela a fim de o forçar a abandonar o cargo.
A opositora venezuelana juntou-se às manifestações na capital do país, Caracas. Não era vista publicamente desde que apareceu repentinamente no último grande protesto da oposição, em agosto do ano passado.
Machado, antiga deputada, venceu as primárias presidenciais da principal coligação da oposição no ano passado, antes de o Supremo Tribunal de Justiça, controlado por Maduro, a proibir de concorrer ao cargo. A sua coligação escolheu então o diplomata reformado Edmundo González como candidato suplente de última hora para as eleições de 28 de julho.
A campanha de Machado e González recolheu os boletins de voto de mais de 85% das máquinas de voto eletrónico e colocou-os online, dizendo que mostravam que González tinha vencido as presidenciais venezuelanas com o dobro dos votos de Maduro, contradizendo os resultados que as autoridades eleitorais leais a Maduro anunciaram após o encerramento das urnas.
O Centro Carter, com sede nos EUA, convidado pelo governo de Maduro para observar as eleições, afirmou que as folhas de contagem publicadas pela oposição são legítimas.
Apoiantes de Maduro e da oposição manifestam-se em Caracas
A Assembleia Nacional, que, como todas as instituições na Venezuela, é controlada pelo partido socialista no poder, deverá empossar Maduro na sexta-feira para mais um mandato de seis anos. Em antecipação, Machado tem estado a apelar a protestos para impedir que isso aconteça.
Ao início de quinta-feira, as ruas normalmente movimentadas de Caracas estavam vazias, com escolas, empresas e agências governamentais fechadas, temendo violência, e a polícia de choque em força para tentar reprimir qualquer agitação.
Ao meio-dia, hora local, havia uma participação relativamente pequena nos protestos: os venezuelanos que testemunharam as forças leais a Maduro prenderem dezenas de oponentes e até transeuntes estavam relutantes em se mobilizar nos mesmos números que no passado.
Os manifestantes que apareceram bloqueara entretanto uma avenida principal num reduto da oposição, na quinta-feira, aos gritos de “Liberdade! Liberdade!”. Muitos eram idosos e vestiam-se de vermelho, amarelo e azul, respondendo ao apelo de Machado para que usassem as cores da bandeira venezuelana. Todos repudiaram Maduro e disseram que reconheceriam Edmundo González como o legítimo presidente da Venezuela.
Mas também apoiantes de Maduro começaram a marchar em vários pontos da capital venezuelana, para celebrarem a tomada de posse do actual presidente.
Já Edmundo González Urrutia quis enviar uma mensagem de esperança a partir do Palácio Nacional da República Dominicana: “Ver-nos-emos todos muito em breve em Caracas, em liberdade”, escreveu. Urrutia diz que irá assumir legitimamente o cargo de presidente da Venezuela. (EURO NEWS)