Por Nando Mabica
A interrupção das comunicações de Mondlane pode ser vista como uma tentativa deliberada de silenciar vozes dissidentes e impedir que alternativas políticas se tornem viáveis. Apesar disso, a insatisfação popular persiste, e o distanciamento entre o governo e as diferentes camadas da sociedade continua a crescer. A alegação de Mondlane de uma vitória nas eleições, mesmo após uma derrota formal, expõe a divisão existente entre a perspectiva oficial e a realidade vivida por uma parcela significativa da população, questionando a legitimidade do processo eleitoral.
A oposição, por sua vez, encontra-se em um impasse, dividida entre a manutenção de uma actuação no parlamento e as propostas mais radicais de boicote. Esse dilema tem o potencial de intensificar a polarização no país, colocando em risco a construção de alternativas que possam realmente desafiar o status quo. Além disso, a impossibilidade de Mondlane convocar protestos de maneira eficaz levanta questões sobre a adaptação das táticas políticas frente ao crescente controle da informação e à repressão das mobilizações populares.
Moçambique enfrenta, portanto, um momento decisivo em sua história política, onde a disputa pelo poder e a forma de protestar e resistir são elementos centrais. O futuro político do país dependerá, em grande parte, da capacidade de construir alternativas ao governo dominante e de superar os desafios impostos pelo controle do espaço político. O país parece estar em uma encruzilhada, onde a luta por um futuro mais democrático e pluralista será definida como de resistência e pela busca de novas formas de mobilização.