Neste sentido, quem sai a ganhar são as multinacionais que nalguns casos representam interesses do país de origem, numa clara reconfiguração da expansão europeia no continente mãe, ou se quisermos, a reestruturação do neocolonialismo!
Com essas negociatas o dinheiro que entra em África em forma de doações ou empréstimo, traz consigo uma série de condicionalismos, assim sendo há países de fora que estabelecem quotas de quantas crianças em Moçambique devem entrar para primeira classe no ano X e quantas devem ter a 10 classe no ano Y.
Essa categorização por si, já deixa aqueles que “comem” dinheiro dos doadores numa situação de obrigatoriedade, (deixa eu cumprir, para receber mais).
É neste diapasão que somos obrigados a inventar currículos ineficientes e até desajustados à realidade moçambicana ou da região austral de África para simplesmente cumprir agendas estrangeiras e obedecer aos donos do dinheiro que nos torna mais ricos enquanto governantes.
Para dar exemplo desta triste realidade é só recordar a tristeza dos erros dos livros em 2023/24 onde percebemos que para além de erros nos manuais, houve também promessa de fornecimento deste material fundamental, mas que na verdade não chegou à carteira, ou então ao chão onde as crianças sentam.
Aliás, a questão das carteiras, não é mero capricho! Há estudos que comprovam que um ambiente que proporciona conforto e comodidade é conducente a um aproveitamento mais qualitativo, ou seja (sentar no chão e com dores no corpo, afeta negativamente no aprendizado).
Infelizmente por aqui, há gente que vê negócio em tudo, foi com tristeza que vimos os piores gestores no sector da educação a sobreviverem na administração Nyusi por alegado compadrio do Presidente da república em relação aos titulares do ministério em alusão. Mesmo com o colapso do sector, não houve exonerações.
A educação acadêmica é importante porque permite adquirir conhecimentos específicos, desenvolver habilidades técnicas e ampliar a visão de mundo. A educação de qualidade pode trazer muitos benefícios para a vida pessoal e profissional, como:
Desenvolvimento de habilidades
A educação ajuda a desenvolver habilidades socioemocionais, como a capacidade de se comunicar, resolver problemas e ter empatia.
Melhoria da qualidade de vida
A educação pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida e para o sucesso pessoal e profissional.
Desenvolvimento do pensamento crítico
A educação ajuda a desenvolver o pensamento crítico e a capacidade de tomar decisões mais conscientes.
Contribuição para a sociedade
A educação é um direito humano fundamental que contribui para a construção de uma sociedade justa e igualitária.
Ampliação da visão de mundo
A educação permite conviver com grupos diversos, o que ajuda a ampliar a visão de mundo e a tolerar as diferenças.
A educação é um processo contínuo que se estende por toda a vida. É importante estar aberto ao aprendizado, questionar crenças e estar disposto a mudar de opinião.
Com todas essas qualidades, surge um apelo para que se invista na nossa educação, os moçambicanos recebem na sua maioria, salários muito baixos, portanto, não será possível conseguirmos matricular os nossos filhos no ensino privado.
Todavia, havendo vontade política, é possível mudar paradigmas e prover aos moçambicanos uma educação de qualidade que coloque os nossos filhos no padrão da África do Sul, ou então de alguns países europeus como o nosso irmão Portugal.
O sistema da educação em Moçambique precisa de uma grande reforma, mudanças que não devem esquecer de valorizar os anjos do sector; os professores, aqueles que dão a vida por este País e depois são burlados horas extras para acomodar projetos de políticos corruptos.
Não existe reforma na educação sem a valorização desta classe de profissionais que mesmo com magros salários consegue tirar pessoas do ensino primário ao secundário, do secundário a universidade, e da universidade a Presidência da República.
O anseio da população é ver o país a desenvolver, não mais assistir governantes a enriquecer entre eles, mas sim um país com uma educação que realmente prepare um futuro brilhante.
Será que faz sentido em pleno século XXI, nossos filhos estudarem sobre o comportamento de formigas e borboletas ao invés de aprender sobre diamantes, ouro, petróleo e gás? Nós temos isso e é fundamental que saibamos lidar com isso.
A quem importa que uma criança moçambicana fique distraída sobre as potencialidades mineiras do seu próprio País?
Países como China e Japão, não vão a tempo de serem dominados ou colonizados por ninguém, levaram a sério a educação, produzem tudo, desde botão da camisa até a indústria automóvel, incluindo a tecnologia, isso é educação de verdade e não a copy and paste da África, continente mãe.
Educação que não prima pela transformação, pelo empreendedorismo e exploração de recursos não é educação é entretenimento, pois se fosse educação, não haveria necessidade de chamar uma multidão de engenheiros petrolíferos para vir lidar com os nossos recursos, enquanto que os licenciados moçambicanos operam bancas de carteira móvel na avenida.
2ª de 15 Cartas
Clemente Carlos
Jornalista e Activista Social
No Ofício da Verdade