“O meu pai foi um herói, não só para mim mas para todos os que acreditam na paz, nos Direitos Humanos e no amor altruísta”, disse Chip Carter, filho do antigo presidente.
“Os meus irmãos, a minha irmã e eu partilhámo-lo com o resto do mundo através destas crenças comuns. O mundo é a nossa família devido à forma como ele uniu as pessoas, e agradecemos-vos por honrarem a sua memória continuando a viver estas crenças comuns”.
Eleito para a Casa Branca em 1976, vencendo o então presidente Gerald Ford por uma margem de votos tangencial e numa América ainda marcada pelo escândalo “Watergate” que forçou o Presidente Richard Nixon a demitir-se, Carter assumiu o cargo de 39.º presidente dos Estados Unidos durante quatro anos.Carter, um homem que falava frequentemente da sua fé cristã, era o mais velho presidente norte-americano ainda vivo.
O seu único mandato foi marcado por importantes acontecimentos no plano internacional. Em 1977, Carter assinou o tratado que assegurou aos Estados Unidos o controlo do Canal do Panamá até 1999.
É considerado o artífice dos Acordos de Camp David que em março de 1979 conduziram à assinatura do tratado de paz israelo-palestiniano e foi durante a sua liderança que ocorreu a crise da tomada de reféns norte-americanos no Irão em 1979-1980, situação que lhe valeu fortes críticas internas.
Carter acabaria por perder a disputa com Ronald Reagan, um antigo ator de Hollywood e senador republicano, quando se candidatou à reeleição.
Após abandonar a Casa Branca, Jimmy Carter fundou o Carter Center em 1982, para promover o desenvolvimento, a saúde e a resolução de conflitos no mundo.
Natural da Georgia, estado que o viu tornar-se governador, Jimmy Carter era caracterizado como um “viajante incansável” que podia ser encontrado em todo o lado: do México ao Peru, passando pela Nicarágua e até Timor-Leste.
Em 2002 recebeu o Prémio Nobel da Paz, designadamente “pelas décadas de esforços infatigáveis com o objetivo de encontrar soluções pacíficas aos conflitos internacionais”.
“Jimmy Carter não ficará provavelmente na história americana como o presidente mais eficaz, mas é certamente o melhor ex-presidente que o país jamais teve“, declarou em dezembro de 2002 o presidente do Comité Nobel, Gunnar Berge, durante a cerimónia solene de entrega do galardão.
Montenegro lamenta morte de “referência moral global”
Em 2019, e confrontado com uma série de problemas de saúde e várias hospitalizações, tornou-se no primeiro presidente norte-americano da história a atingir os 95 anos.
A ligação entre Jimmy Carter e o atual presidente norte-americano, Joe Biden, percorre várias décadas. Em 1976, Biden, então um jovem senador de Delaware, foi um dos primeiros representantes a apoiar Carter na sua corrida presidencial.
O primeiro-ministro português manifestou este domingo pesar pela morte do ex-presidente Jimmy Carter.
“É e será uma referência moral global da democracia e dos direitos humanos. Apresento condolências à família, ao Presidente dos Estados Unidos da América e ao povo americano”, escreveu Luís Montenegro na rede social X. (RTP C/LUSA)