A informação foi revelada pelo Maulana Nazir Lunat, da Comunidade Muçulmana, um dos teólogos que sentou cara a cara com o Presidente da República no âmbito das conversações entre Filipe e Nyusi e diferentes actores sociais para encontrar soluções da tensão pós-eleitorais que se arrasta desde o dia 21 de Outubro.
“O Venâncio pode dizer tudo o que não foi ele que fez com que isto tudo acontecesse nesses últimos dias. Pode ele dizer, e é verdade que ele diz que não é a ordem dele. Mas a sociedade já está tão cansada de uma governação de 49 anos que hoje o povo já não tem medo”, começou por justificar.
Para além disso refere que os jovens actuais não têm nada a perder e não viveram o período logo após a independência, como também os seus anseios não são atendidos, razão pela qual rebelam-se diante do governo do dia.
“Esta é uma geração diferente. Estamos a ver que nós já estamos 49 anos de independência e nesses 49 anos estamos na segunda geração. Portanto, hoje aqueles que têm 25 anos são uma geração de segundo ano. (…) Eles não sabem quem era Samora Machel. Eles não sabem quem era Eduardo Mondlane”, continuou.
Reconhecendo que o povo moçambicano é perdoador, ele sugere um diálogo para a manutenção da paz, harmonia e bem-estar social. Diálogos similares aos que ocorreram em momentos em que o país esteve em crise.
“Tudo o que aconteceu nós podemos esquecer e perdoar, apesar de ficar marcas. Mas isso tudo tem que depender da vontade política para sentarem na mesa”, vaticinou. (Ekibal Seda)