A ausência de provas concretas sobre os eventos reportados sugere que, mesmo em situações graves, é crucial avaliar criticamente as informações antes de agir ou espalhá-las.
A crença de que essas acções possam estar ligadas ao governo para desmotivar marchas pós-eleitorais reflete a complexa relação entre a sociedade civil e o poder. Em contextos onde há histórico de repressão ou falta de transparência, até boatos são interpretados como possíveis estratégias para controle social. Isso demonstra a fragilidade da confiança pública em instituições que deveriam garantir segurança e estabilidade.
Essa combinação de desinformação e desconfiança intensifica a polarização e torna mais difícil o diálogo necessário para resolver crises políticas. Em cenários como esse, os impactos podem ser graves: desde o aumento da instabilidade social até o enfraquecimento das instituições democráticas, já sob pressão.
Se essa dinâmica persistir, os protestos e manifestações continuarão sendo um reflexo das tensões sociais e políticas latentes no país.
A madrugada desta Sexta-feira, 27 de Dezembro foi marcada por patrulhas em quase todos bairros da Cidade e Província de Maputo devido a informações, feitas circular, dando conta de que reclusos fugitivos da Cadeia Central de Maputo camuflados a homens catanas estariam a invadir residências visando subtrair bens e ferir os moradores.
A situação causou um caos desde a meia-noite. Sons de tambores, vuvuzelas e apitos soavam na tentativa de despertar os demais moradores e afugentar os malfeitores. Homens e mulheres foram obrigados a reunirem-se em grupos nos seus bairros, empunhando diferentes objectos contundentes, para vigiarem uns aos outros e protegerem os seus bens.
Enquanto uns acreditam tratar-se de informações falsas preparadas para criar pânico, outros levam à risca as medidas de protecção. Tanto é que para travar os ditos homens catanas brigadas de controlo foram activadas, com isto alguns indivíduos foram capturados e linchados.
Num dos áudios partilhados nas redes sociais uma moradora denuncia assalto e vandalização a residências no bairro Tsalala. Num outro vídeo, amplamente circulado, mostra cidadãos partindo paredes de uma residência.
Na Machava, moradores contam que reclusos se esconderam no Cemitério Bedene, causando medo nos residentes. Enquanto as pessoas lamentavam soavam tiros em alguns bairros o que aumentava o pânico nos moradores. (Ekibal Seda & Nando Mabica)