Durante uma conferência de imprensa realizada em Maputo, Albino Forquilha acusou os órgãos de administração eleitoral de falta de transparência e de viciação dos resultados. O CC declarou a vitória da FRELIMO e do seu candidato presidencial, Daniel Chapo, com 65,17% dos votos, mas o PODEMOS sustenta que as suas reclamações e provas de irregularidades foram ignoradas.
“Foram apresentados elementos concretos de impugnação que o Conselho Constitucional recusou analisar com profundidade”, afirmou Forquilha. O líder do PODEMOS defendeu que os números apresentados pelo partido indicavam uma realidade eleitoral diferente da validada pelo CC.
Forquilha detalhou o que considera ser o “desvirtuamento da vontade popular”. De acordo com este, o PODEMOS tinha contabilizado cerca de 59% dos votos em média, mas o CC não interpretou correctamente os dados submetidos.
“O que nos foi roubado não pode ser ignorado. A verdade eleitoral está nas urnas, e esta verdade não foi respeitada. Houve manipulação dos números finais, o que compromete a integridade do processo democrático”, declarou.
Ainda assim, o líder do partido reafirmou a legalidade da eleição dos deputados do PODEMOS, afirmando que eles são “os justos representantes do povo”.
Embora discorde dos resultados presidenciais e questione a legitimidade das eleições gerais, Forquilha assegurou que os 43 deputados eleitos pelo partido tomarão posse. Segundo ele, a entrada do PODEMOS na Assembleia da República não deve ser interpretada como uma aceitação do processo eleitoral, mas sim como um compromisso em representar os interesses dos seus eleitores e lutar por reformas.
“Nós não controlamos os processos eleitorais. O que controlamos é a nossa vontade de servir o povo e cumprir com o nosso dever político. Por isso, os deputados do PODEMOS estarão na Assembleia da República, representando aqueles que confiaram em nós e que querem mudança”, enfatizou.
Durante a conferência, Forquilha condenou actos de violência durante as manifestações e apelou a todos os apoiantes para se absterem de vandalizar propriedades ou bloquear vias públicas. Defendeu que a luta por justiça eleitoral deve ser conduzida de forma pacífica e legal.
“Manifestações são um direito constitucional, mas nunca devem ser acompanhadas de violência. A nossa mensagem é clara: vamos continuar a lutar por esta causa justa, mas de forma civilizada e responsável”, apelou.
De referir que assim como o partido PODEMOS que rejeita os mesmos resultados que outrora irá respeitar, mandando os seus deputados para a casa do povo, a RENAMO e o MDM têm feito o mesmo em quase todas as eleições gerais nas quais participaram.
Contudo, Venâncio Mondlane, candidato presidencial que é suportado pelo partido PODEMOS, disse que iria criar estratégias para formar um tribunal em paralelo ao Conselho Constitucional, que lhe permita tomar posse com o quinto presidente de Moçambique em janeiro. (Bendito Nascimento)