Por: Onélio Duarte
É importante perceber que esses actos de violência e destruição não só pioram a situação económica e social do país, como também enfraquecem a causa pela qual muitos dos manifestantes lutam. A destruição de bens públicos e privados, muitas vezes movida pela raiva contra alegados resultados fraudulentos nas eleições, cria um ambiente que empobrece ainda mais o país e compromete a segurança da população. O que vemos são estabelecimentos comerciais destruídos, pessoas sem o seu sustento diário, e o ciclo de pobreza e desigualdade agravando-se. Aqueles que estão a saquear não estão apenas a danificar bens, mas a roubar oportunidades de emprego e estabilidade económica para todos.
Recentemente, o candidato presidencial Venâncio Mondlane, que reclama vitória nas eleições de 9 de Outubro, condenou de forma veemente as atitudes violentas dos manifestantes. Em especial, Mondlane fez referência à destruição de bens públicos e privados, apelando para que as manifestações sejam pacíficas e para que se busquem soluções através do diálogo, e não pela violência. Para ele, a destruição de propriedades não resolve os problemas, mas apenas cria mais caos, enfraquece a luta pela justiça e prejudica as comunidades que as praticam. O candidato apelou à unidade e à busca de um caminho pacífico para que Moçambique não caia na espiral da violência.
Após a pilhagem e os actos de vandalismo, o que podemos esperar para o futuro de Moçambique? O cenário é alarmante. O país corre o risco de uma escalada no desemprego e no aumento da criminalidade. Com os estabelecimentos comerciais destruídos ou saqueados, muitos negócios ficam impossibilitados de funcionar, o que provoca perdas enormes e reduz as oportunidades de emprego. O desemprego vai aumentar, e as condições de vida da população, já fragilizadas, irão piorar.
Além disso, a presença de armas de fogo roubadas nas esquadras policiais e nas mãos de civis aumenta consideravelmente o índice de criminalidade. O tráfico de armas e a sua circulação pela população em geral gera um clima de insegurança que afeta não só as zonas de protesto, mas também as comunidades mais afastadas. A facilidade com que essas armas chegam às mãos erradas coloca em risco a vida das pessoas, aumenta os confrontos violentos e eleva o número de crimes, como assaltos e homicídios.
O governo tem a responsabilidade de garantir a segurança pública e proteger os cidadãos, mas também precisa ouvir as razões dos protestos e agir de forma transparente e inclusiva. A falta de confiança nas instituições, as dúvidas em torno dos resultados eleitorais e a sensação de impunidade geram um terreno fértil para o descontentamento popular. No entanto, isso não pode justificar a violência nem a destruição de bens. O verdadeiro caminho para a mudança deve passar pelo diálogo, pelo respeito e por soluções pacíficas.
A pilhagem e o vandalismo não podem ser a resposta para as crises do país. A verdadeira luta pela justiça e por uma democracia sólida deve ser construída com paciência, respeito e compreensão das instituições. Se Moçambique continuar a cair na espiral da violência, o futuro será sombrio: um país fragmentado, com mais criminalidade, mais insegurança e menos oportunidades de crescimento. A reconstrução será lenta e difícil, e as feridas sociais e económicas demorarão a sarar.
Portanto, é urgente que a sociedade e o governo se unam para reflectir sobre os efeitos devastadores da violência e procurem formas mais eficazes e pacíficas de protestar e reivindicar mudanças. O futuro de Moçambique não deve ser decidido pela destruição, mas pela construção de uma nação mais justa, mais segura e mais inclusiva para todos. – ONÉLIO DUARTE