Organizado em colaboração com a Comissão da União Africana (CUA) e o Banco Africano de Desenvolvimento, o evento celebrou o progresso e delineou estratégias para melhorar a recuperação de terras, a resistência à seca e o desenvolvimento sustentável em toda a África.
O encontro reuniu Chefes de Estado e de Governo, líderes de instituições financeiras internacionais, peritos técnicos e outros intervenientes cruciais. Realizado à margem da COP16 da UNCCD e da Cimeira “Uma Água”, o evento destacou as realizações da iniciativa GGW, ao mesmo tempo que abordou as urgentes lacunas de financiamento para acelerar a sua implementação.
Os líderes regionais sublinharam o papel fundamental da Grande Muralha Verde como pedra angular das estratégias de desenvolvimento nacionais e regionais, destacando as suas contribuições para promover a estabilidade e a segurança em todo o continente. Até 2023, a iniciativa GGW acolheu mais 24 Estados membros do Norte, Oeste, Este e Sul de África, elevando-a a uma escala continental.
O Ministro do Ambiente da Nigéria e Presidente da Grande Muralha Verde Pan-Africana, Balarabe Abbas Lawal, abriu a sessão, marcando a primeira vez que os líderes do Sahel e da SADC se reuniram a este nível.
O Ministro do Ambiente do Zimbabué, Sithembiso G.G. Nyoni, que também preside à SADC, salientou o impacto generalizado da desertificação. “O Sahel é a zona mais afectada em África, mas outras regiões, incluindo o Karoo na África do Sul, a Somália e a Etiópia, também enfrentam graves desafios devido à desertificação e às secas frequentes”, observou.
O evento contou ainda com a apresentação de vários novos projectos que apoiam a implementação da GGW. Também mostrou numerosas oportunidades de investimento, sublinhando a importância das parcerias entre as comunidades económicas regionais, os governos, as ONG e o sector privado no combate à desertificação.
Laouali Garba, Diretor de Investigação Agrícola, Produção e Sustentabilidade do Banco Africano de Desenvolvimento, destacou os vários apoios que o Banco prestou aos países membros da GGWI nas regiões do Sahel, do Corno de África e da SADC. Estes esforços têm como objectivo criar resiliência para até 10 milhões de agricultores e pastores.
O Banco prestou assistência técnica ao Secretariado da GGWI para reforçar a sua capacidade, incluindo a realização de uma auditoria institucional e organizacional do Secretariado da Agência Pan-Africana para melhorar as suas operações; a mobilização de uma equipa de cinco peritos em assistência técnica especializados em concepção de projectos e mobilização de recursos durante três anos; o desenvolvimento de um programa regional de resiliência financiável que abranja pelo menos oito países; e o reforço das capacidades das agências nacionais em matéria de monitorização e avaliação.
Além disso, o Banco apoia uma iniciativa inovadora intitulada “Resiliência transformadora de género à seca nos Estados de transição na África Austral”. Com início em 2025, este projecto de dois anos visa melhorar a resiliência à seca entre mulheres e raparigas em Madagáscar, Moçambique e Zimbabué.
Harsen Nyambe, Director da Economia Azul e Ambiente Sustentável da Comissão da União Africana, destacou o significado simbólico e prático da GGW: “A Grande Muralha Verde é mais do que um projecto de plantação de árvores; é um símbolo de resiliência. Representa a determinação de África em recuperar as suas terras, restaurar os seus ecossistemas e capacitar o seu povo para construir um futuro sustentável”, afirmou.
Cathrine Mutambirwa, Coordenadora do Programa para a Neutralidade da Degradação da Terra (LDN) e Restauração da Terra no Mecanismo Global da UNCCD, destacou o trabalho da GGW na promoção da sustentabilidade e da criação de riqueza na África Austral.
“Através de uma plataforma intersectorial de planeamento e cooperação, asseguramos uma conceção coerente e um desenvolvimento integrado ligado ao planeamento e gestão do uso da terra. As iniciativas transfronteiriças maximizam os serviços dos ecossistemas, enquanto novos mecanismos de financiamento e fluxos de receitas apoiam estes esforços”, afirmou.
Moderado por Eleni Giokos, da CNN, o evento demonstrou um progresso significativo e um compromisso renovado para com a iniciativa da Grande Muralha Verde de África. Preparou o terreno para uma mobilização política e de investimento reforçada, prevendo um futuro sustentável para África, em particular para o Sahel. (Nota informativa)