Durante o discurso, Nyusi confirmou ter contactado Mondlane pela primeira vez desde o início das manifestações populares, reafirmando o seu compromisso com a Constituição e garantindo que deixará o poder em Janeiro de 2025, quando o próximo governo tomar posse.
A comunicação, transmitida a partir do Gabinete da Presidência, teve como propósito principal abordar as festividades do Dia da Família, Natal e Fim do Ano, mas também serviu para responder às alegações de que estaria a preparar estratégias para se manter no poder.
“Sempre disse que não tenho nenhuma intenção de permanecer no poder, muito menos de proclamar o estado de emergência para prolongar o meu mandato. Os moçambicanos podem estar confiantes e tranquilos porque isso não vai acontecer”, afirmou Nyusi.
Horas antes do pronunciamento presidencial, Venâncio Mondlane revelou, numa videoconferência com deputados do grupo Renovar a Europa, que foi contactado por Nyusi pela primeira vez desde o início das manifestações que decorrem há dois meses. Apesar de não fornecer detalhes da conversa, Mondlane expressou desconfiança sobre as intenções do Presidente.
“Estou profundamente convencido de que o Presidente Nyusi quer permanecer no poder. Ele espera que eu incentive as pessoas a fazerem manifestações violentas para justificar a declaração de estado de emergência e prolongar o seu mandato por mais algumas semanas”, disse Mondlane.
O candidato presidencial, que rejeita os resultados das eleições de 09 de Outubro, não participou na reunião convocada por Nyusi em Novembro com os quatro candidatos às eleições gerais. Na altura, o Presidente decidiu agendar um segundo encontro para garantir a presença de Mondlane, mas até ao momento, tal encontro não ocorreu.
No seu discurso, Nyusi destacou o seu compromisso com a paz como prioridade do seu mandato. “Tenho tentado dar o meu melhor para que a paz aconteça. Entre as medidas, iniciei contactos com Venâncio Mondlane e outros candidatos, promovendo um diálogo sereno e responsável”, afirmou.
Nyusi aproveitou a ocasião para apelar à reflexão, serenidade e união dos moçambicanos, sublinhando que a paz deve ser uma realidade em todo o país, desde Maputo a Cabo Delgado. “Deixo o poder com sentido de missão cumprida, focado em termos paz e estabilidade em Moçambique”, concluiu o Chefe de Estado.
Apesar do tom conciliatório de Nyusi, as alegações de Mondlane aumentam as incertezas sobre o futuro político imediato do país, enquanto se aguarda o desfecho das tensões pós-eleitorais com a decisão que o Conselho Constitucional irá tomar nesta segunda-feira, 23 de Dezembro. (Bendito Nascimento)