Durante o discurso, Mondlane anunciou a implementação de uma série de medidas para os próximos dias, destacando o decreto de luto nacional entre quinta-feira, 19 de Dezembro, e domingo, 22 de Dezembro, em solidariedade às vítimas do ciclone Chido, que devastou as províncias de Cabo Delgado e Nampula, e aos mais de 130 mortos resultantes das manifestações pós-eleitorais convocadas por ele.
Mondlane também aproveitou para relembrar o segundo mês da morte de Elvino Dias e Paulo Guambe, advogado e mandatário do PODEMOS, respectivamente, ambos assassinados por até aqui indivíduos desconhecidos, por motivos que se acham políticos pela esfera pública.
Segundo o candidato, o futuro das manifestações no país será determinado pelo acórdão que o Conselho Constitucional deverá divulgar na próxima segunda-feira, 23 de Dezembro. Esse acórdão, nas palavras de Mondlane, terá o poder de “trazer paz e tranquilidade ou acionar o Turbo V8”, referindo-se ao intensificar dos protestos caso os resultados eleitorais não sejam considerados legítimos.
Durante o período de luto, Mondlane apelou à suspensão temporária das manifestações de rua, solicitando que os cidadãos respeitem o trânsito e mantenham as actividades laborais normais. No entanto, pediu que todos usem roupas pretas ou brancas, de acordo com as tradições de luto de cada um, e dediquem um momento diário, entre as 13h00 e as 13h15, para cantar o hino nacional e orar pela justiça no país.
No domingo, 22 de Dezembro, último dia do período de luto, Mondlane apelou aos cidadãos para que entre as 21h00 e as 22h00 façam barulho com apitos e vuvuzelas, em sinal de protesto silencioso, enquanto aguardam a leitura do acórdão do Conselho Constitucional.
Mondlane deixou claro que a segunda-feira, 23 de Dezembro, será um dia crucial para o futuro do país. Nessa data, o Conselho Constitucional deverá anunciar os resultados finais das eleições gerais. Mondlane apelou a uma paralisação total das actividades no país, pedindo que os cidadãos permaneçam em casa ou próximos do Conselho Constitucional (CC), aguardando o pronunciamento oficial.
“Se o Conselho Constitucional trazer a verdade eleitoral, o país vai para paz e tranquilidade; mas se trouxer mentira eleitoral, estaremos automaticamente a acionar a fase Turbo V8 das manifestações”, declarou o candidato.
Mondlane também informou que, caso o Turbo V8 seja acionado, haverá bloqueio de estradas em todo o país, com excepções apenas para ambulâncias, profissionais de saúde devidamente identificados e advogados credenciados.
O candidato dirigiu-se ainda às comunidades religiosas, solicitando que dediquem os próximos dias a orações pela justiça e pela iluminação dos juízes do Conselho Constitucional. Em especial, Mondlane pediu que as orações sejam intensificadas no sábado e domingo, como forma de garantir resultados credíveis e imparciais no acórdão.
Mondlane foi directo ao afirmar que a responsabilidade pelo futuro do país está, neste momento, nas mãos do Conselho Constitucional, presidida por Lúcia Ribeiro. “Está tudo nas mãos do Conselho Constitucional”, afirmou, frisando que o acórdão deve ser um reflexo da vontade soberana do povo e não uma imposição de interesses políticos.
Portanto, a decisão final do Conselho Constitucional, marcada para a próxima segunda-feira, deverá definir os próximos passos no contexto político e social do país, com potencial para acalmar os ânimos ou intensificar o clima de tensão que tem marcado os últimos meses. (Bendito Nascimento)