Este aumento será impulsionado por uma combinação de factores internos e externos, incluindo os impactos do fenómeno climático El Niño, dificuldades nas cadeias de fornecimento e a violência pós-eleitoral que afecta o país há mais de 30 dias. A instabilidade política tem gerado sérias dificuldades no fornecimento de bens essenciais, o que provoca uma pressão “significativa” sobre os preços e compromete a estabilidade económica.
De acordo com os analistas da Oxford Economics, a inflação em Moçambique deverá enfrentar pressões contínuas em 2025. Entre os factores que irão contribuir para este cenário, destacam-se as perturbações nas cadeias de abastecimento, que dificultam a distribuição de produtos alimentares e outros bens essenciais, e a desvalorização gradual do metical, que tem sido uma preocupação crescente nos últimos meses.
A instabilidade política também desempenha um papel central nesse processo, uma vez que a violência pós-eleitoral tem gerado uma atmosfera de incerteza e afectado a confiança dos investidores, além de criar obstáculos à circulação de mercadorias.
Os analistas da Oxford Economics alertam que o aumento contínuo nos preços alimentares será outro factor importante a contribuir para o crescimento da inflação, especialmente em 2025. A pressão sobre o mercado de alimentos é esperada para continuar no próximo ano, devido à combinação de factores climáticos desfavoráveis, como as secas e inundações associadas ao El Niño, que afectam a produção agrícola, e as dificuldades nas infraestruturas logísticas que comprometem a distribuição eficaz dos produtos no país.
A consultora também reviu para baixo as suas previsões de crescimento económico para Moçambique, em grande parte devido à situação política instável. Inicialmente, Oxford Economics previa um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,4% para 2024, mas agora estima uma expansão de 3,9%. Para 2025, a previsão de crescimento foi reduzida de 4,1% para 3,2%, reflectindo o impacto negativo da violência pós-eleitoral e da instabilidade no fornecimento de bens e serviços essenciais.
A revisão da previsão de crescimento económico está directamente ligada à deterioração da confiança no ambiente de negócios em Moçambique, com a violência e a insegurança afectando directamente a actividade comercial e as perspectivas de investimento.
A cadeia de abastecimento está a ser particularmente afectada, uma vez que os ataques e a instabilidade dificultam o transporte de mercadorias e a distribuição eficiente, o que tem reflexos imediatos na disponibilidade de bens e nos preços. As perspectivas para o futuro próximo não são animadoras, com a consultora apontando que a inflação deve continuar a subir devido a esses factores estruturais, ao mesmo tempo em que o crescimento da economia será contido.
Além disso, os dados mais recentes indicam que a inflação em Moçambique registou uma subida de 0,72% em Novembro em relação ao mês anterior, com uma inflação homóloga de 2,84%. Este é o terceiro aumento mensal consecutivo, o que reflecte uma tendência preocupante para o final de 2024.
Contudo, o Banco de Moçambique também já anunciou que prevê uma aceleração da inflação até ao fim do ano, com a expectativa de que o índice atinja 3,14% em Dezembro, principalmente devido à instabilidade política e à pressão nas cadeias de abastecimento. (Bendito Nascimento)