O que levou a música “empoderada errada” a ser aclamada é abordagem que ela faz de um assunto mundial mas com contornos locais, ou seja, Fokisso “moçambicanizou” a habitual mensagem cantada no estilo amapiano. Em palavras mais simples ele cantou os dilemas que o empoderamento feminino enfrenta no país.
O empoderamento é um assunto global e todo mundo quer promover. Estamos em uma época que as mulheres buscam empoderar-se em diferentes áreas, principalmente a financeira. No entanto várias jovens têm procurado outros meios para chegar ao tão aclamado empoderamento. E a música “Empoderada Errada” é um alerta social a essa questão.
Nota-se isso no principal verso, que diz “deixou escola na primária, comprou salto, comprou bolsa, comprou lápis pintou cara, empoderada errada. Comprou bolsa do Nivaldo, comprou prótese meteu, sexta-feira está no Groove, empoderada errada. Está txilar com cotas, está beber com cotas, está dormir com cotas, ulava vanu va ti mali (queres pessoas com dinheiro”.
E nós acompanhamos esses casos dia após dia, aliás noite após noite, e nossas irmãs sustentam as suas atitudes na célere expressão maquiavélica “os fins justificam os meios”. Fokisso diz indirectamente que não é o caminho correto por isso ainda pergunta “tua mãe te educou como? teu pai te educou como?”.
Mesmo sem ter sido respondida a pergunta, é dai onde vemos a necessidade de massificarmos de forma clara a essência do empoderamento. Aliás no nosso dia-a-dia usamos a expressão empoderada de forma pejorativa enquanto deveria ser de forma elogiosa e enaltecedora.
Há necessidade de reconstruirmos a ideia do empoderamento feminino, a do autoconhecimento e auto-estima, ao de saber se priorizar e respeitar as suas vontades, tomar as suas próprias decisões mas baseando-se nos verdadeiros princípios da causa.
Um governante moçambicano uma vez disse “uma mulher empoderada é uma nação salva” razão pela qual devemos questionar que empoderada temos ou estamos a formar. A “empoderada errada” do Fokisso, a “empoderada” que nós pejoramos ou a verdadeira empoderada como a Paulina Chiziane, Graça Machel, Quitéria Guirengane, e as demais que aqui não caberiam.
Como sociedade e jovens que convivem em rede temos a responsabilidade de disseminar o verdadeiro lado do empoderamento afinal de contas ter mulheres empoderadas é garantia de uma comunidade desenvolvida e de sucesso.
Aliás, temos que lembrar que através do empoderamento podemos ultrapassar as mazelas que enfrentamos como sociedade. E os homens são chamados a abraçar a causa. (Ekibal Seda)