“Nós gostaríamos que esta Frelimo também mudasse o seu comportamento”, defende comunidade muçulmana

INTEGRITY-MOÇAMBIQUE, 10 de Dezembro de 2024-O representante da Comunidade Muçulmana em Moçambique, Nazir Loonat, defendeu, na segunda-feira (09 de Dezembro), uma mudança de postura por parte do partido no poder, Frelimo, após uma audiência concedida pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, em Maputo, no âmbito das visitas que tem recebido nos últimos dias para resolver a situação do país.

Durante o encontro na Presidência da República junto com Filipe Nyusi, a liderança islâmica abordou os desafios sociais e políticos que o país enfrenta, sublinhando a urgência de diálogo inclusivo e justiça para promover estabilidade e união nacional.

Loonat exortou o Conselho Constitucional (CC) a declarar com urgência os resultados das eleições gerais realizadas em Outubro, destacando a importância de considerar as queixas de forma imparcial e baseada em provas.

“O Conselho Constitucional deve apressar em declarar os resultados eleitorais, tem de ver as queixas que estão para resolver o problema, para declarar. Temos que ver, ser realistas. O Conselho Constitucional tem de ter as provas para dizer que este ou aquele ganhou, e são essas declarações, sem favorecer este ou aquele”, afirmou.

O atraso na resolução das disputas eleitorais foi apontado como um factor de agravamento da tensão social e da polarização política. Segundo Loonat, “não podemos permitir que o ódio se enraíze no seio das nossas forças de segurança ou entre o povo. O diálogo é a única solução viável”.

Num tom crítico, o representante islâmico lamentou a falta de diálogo entre o governo e a população, “Frelimo antiga era outra, esta Frelimo é outra. Nós gostaríamos que esta Frelimo também mudasse o seu comportamento, tivesse mais diálogo com o povo. Está a faltar muito diálogo por parte dos nossos governantes com o povo moçambicano”, defendeu.

Além disso, Loonat propôs reformas estruturais, especialmente na lei eleitoral, sugerindo a criação de um órgão independente para supervisionar os processos eleitorais. “Tem de se reformar a lei (eleitoral), também que obriga a Comissão Nacional de Eleições a respeitar aquilo que está na lei. Essa lei, se tiver um órgão para analisar e fazer a lei eleitoral independente, seria muito bom para não favorecer este, e com a experiência que nós estamos a ganhar durante esses anos”, destacou.

Loonat alertou para o risco de instabilidade política, incluindo a possibilidade de acções extremas como golpes de Estado, caso não haja uma solução rápida e pacífica. Ele defendeu a inclusão de mediadores nacionais e internacionais para facilitar o diálogo e garantir uma resolução justa para todas as partes envolvidas.

“Moçambique sempre foi um exemplo de diálogo para o mundo. Precisamos preservar essa característica e trabalhar para resolver as nossas diferenças de forma pacífica”, disse.

Reiterando o compromisso da comunidade islâmica com a paz e a estabilidade, Loonat assegurou que estão prontos para colaborar no processo de mediação. “Estamos dispostos a apoiar todas as iniciativas que promovam a segurança, tranquilidade e união do povo moçambicano”, garantiu.

Portanto, no âmbito das manifestações que se verificam em todo o país, a comunidade muçulmana (de forma incomum) decidiu se juntar aos manifestantes, tendo em Novembro escalado as avenidas da cidade das acácias em protesto pela verdade eleitoral, raptos e outras reivindicações, acto que foi respondido com uma “brutal” repressão policial.

Contudo, para além dos muçulmanos, o presidente tem recebido diversas individualidades no seu gabinete para encontrar soluções para a situação actual do país, algo que Venâncio Mondlane insiste em dizer que pode ser resolvido por uma simples chamada-conferência com este. O que resta saber é o motivo da relutância do Presidente da República. (Bendito Nascimento)

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