Durante o encontro na Presidência da República junto com Filipe Nyusi, a liderança islâmica abordou os desafios sociais e políticos que o país enfrenta, sublinhando a urgência de diálogo inclusivo e justiça para promover estabilidade e união nacional.
Loonat exortou o Conselho Constitucional (CC) a declarar com urgência os resultados das eleições gerais realizadas em Outubro, destacando a importância de considerar as queixas de forma imparcial e baseada em provas.
“O Conselho Constitucional deve apressar em declarar os resultados eleitorais, tem de ver as queixas que estão para resolver o problema, para declarar. Temos que ver, ser realistas. O Conselho Constitucional tem de ter as provas para dizer que este ou aquele ganhou, e são essas declarações, sem favorecer este ou aquele”, afirmou.
O atraso na resolução das disputas eleitorais foi apontado como um factor de agravamento da tensão social e da polarização política. Segundo Loonat, “não podemos permitir que o ódio se enraíze no seio das nossas forças de segurança ou entre o povo. O diálogo é a única solução viável”.
Num tom crítico, o representante islâmico lamentou a falta de diálogo entre o governo e a população, “Frelimo antiga era outra, esta Frelimo é outra. Nós gostaríamos que esta Frelimo também mudasse o seu comportamento, tivesse mais diálogo com o povo. Está a faltar muito diálogo por parte dos nossos governantes com o povo moçambicano”, defendeu.
Além disso, Loonat propôs reformas estruturais, especialmente na lei eleitoral, sugerindo a criação de um órgão independente para supervisionar os processos eleitorais. “Tem de se reformar a lei (eleitoral), também que obriga a Comissão Nacional de Eleições a respeitar aquilo que está na lei. Essa lei, se tiver um órgão para analisar e fazer a lei eleitoral independente, seria muito bom para não favorecer este, e com a experiência que nós estamos a ganhar durante esses anos”, destacou.
Loonat alertou para o risco de instabilidade política, incluindo a possibilidade de acções extremas como golpes de Estado, caso não haja uma solução rápida e pacífica. Ele defendeu a inclusão de mediadores nacionais e internacionais para facilitar o diálogo e garantir uma resolução justa para todas as partes envolvidas.
“Moçambique sempre foi um exemplo de diálogo para o mundo. Precisamos preservar essa característica e trabalhar para resolver as nossas diferenças de forma pacífica”, disse.
Reiterando o compromisso da comunidade islâmica com a paz e a estabilidade, Loonat assegurou que estão prontos para colaborar no processo de mediação. “Estamos dispostos a apoiar todas as iniciativas que promovam a segurança, tranquilidade e união do povo moçambicano”, garantiu.
Portanto, no âmbito das manifestações que se verificam em todo o país, a comunidade muçulmana (de forma incomum) decidiu se juntar aos manifestantes, tendo em Novembro escalado as avenidas da cidade das acácias em protesto pela verdade eleitoral, raptos e outras reivindicações, acto que foi respondido com uma “brutal” repressão policial.
Contudo, para além dos muçulmanos, o presidente tem recebido diversas individualidades no seu gabinete para encontrar soluções para a situação actual do país, algo que Venâncio Mondlane insiste em dizer que pode ser resolvido por uma simples chamada-conferência com este. O que resta saber é o motivo da relutância do Presidente da República. (Bendito Nascimento)