Após três tentativas frustradas, Mahama, que já havia governado o país entre 2012 e 2017, conquistou o posto mais alto do país, sucedendo o actual presidente Nana Akufo-Addo, do Novo Partido Patriótico (NPP). A eleição marcou o fim de oito anos de domínio do NPP, que sofreu uma derrota significativa, refletindo a frustração popular com a crise económica.
A crise económica, que inclui uma inflação elevada, uma dívida crescente e um desemprego “alarmante”, foi o principal tema que dominou a campanha eleitoral. O país teve de recorrer a um empréstimo de três mil milhões de dólares do Fundo Monetário Internacional (FMI) para tentar estabilizar a sua economia. A falta de resultados visíveis e a crescente insatisfação com a gestão de Akufo-Addo, especialmente em relação ao custo de vida e à depreciação da moeda, levaram muitos eleitores a apoiar Mahama, que prometeu um “renascimento económico”.
Mahamudu Bawumia, vice-presidente e candidato do NPP, reconheceu rapidamente a derrota, aceitando o veredicto popular com humildade. “O povo de Gana falou, votou pela mudança, e nós respeitamos isso”, afirmou Bawumia em uma colectiva de imprensa, onde anunciou a sua derrota e revelou ter telefonado a Mahama para felicitar o adversário. A sua concessão foi feita antes mesmo da divulgação oficial dos resultados, com as primeiras contagens internas do NPP indicando uma vitória confortável para Mahama.
Embora a Comissão Eleitoral de Gana ainda não tenha divulgado os resultados oficiais, a revisão interna do NDC revelou que Mahama obteve cerca de 56,3% dos votos, contra 41,3% de Bawumia. O partido do ex-presidente também anunciou que, conforme a apuração interna, o NDC havia conquistado a maioria das cadeiras no Parlamento, consolidando a vitória política.
A eleição de Mahama é vista como um reflexo da insatisfação popular com a gestão do actual governo. O Gana, um dos maiores produtores de ouro e cacau da África, tem enfrentado grandes desafios económicos nos últimos anos. A inflação, que chegou a superar 50%, diminuiu para cerca de 23% no último ano, mas os efeitos das políticas de austeridade e a elevada dívida pública continuam a afectar as finanças pessoais dos ganenses.
Mahama, que assumiu a presidência pela primeira vez em 2012 e governou até 2017, enfrentou críticas durante a sua primeira administração, principalmente relacionadas com os cortes de eletricidade e as dificuldades económicas. No entanto, a sua proposta de “reinicializar” a economia do país foi bem recebida por uma população que busca uma mudança decisiva na gestão económica. Em sua campanha, Mahama prometeu expandir a jornada de trabalho para 24 horas nas indústrias, com o objectivo de gerar mais empregos e reverter a recessão.
O vice-comissário da Comissão Eleitoral, Bossman Asare, informou que os resultados regionais ainda não haviam sido apurados, com a comissão aguardando as últimas contagens antes de divulgar oficialmente os números finais. A previsão é que os resultados sejam anunciados na terça-feira, mas a tendência de vitória para Mahama parece ser clara, dada a celebração crescente nas ruas de Accra, capital do país, onde os apoiadores de Mahama começaram a se reunir para comemorar o resultado.
Contudo, os próximos dias serão cruciais para o novo presidente, que terá que lidar com os desafios económicos que marcaram as últimas administrações. No entanto, a sua vitória representa uma mudança significativa no rumo político e económico do Gana, colocando um fim ao domínio do NPP e renovando as esperanças de uma recuperação económica para o país. (Bendito Nascimento)