Três meses após sua inauguração, trabalhadores destroem a fábrica Safira Mozambique Ceramic na Moamba

INTEGRITY-MOÇAMBIQUE, 08 de Dezembro de 2024-A Safira Mozambique Ceramic, fábrica de tijoleiras localizada no distrito de Moamba, província de Maputo, foi devastada por um protesto que escalou para actos de vandalismo. Funcionários revoltados destruíram equipamentos, danificaram produtos e colocaram em risco a segurança da unidade e das comunidades vizinhas", de acordo com a empresa.

O incidente ocorreu na última quinta-feira, apenas três meses após a inauguração da fábrica pelo Presidente da República Filipe Nyusi. A empresa, que representa um investimento de 100 milhões de dólares americanos, foi projectada para produzir diariamente 100 mil metros quadrados de cerâmica e empregar 1.000 trabalhadores de forma directa e 5.000 indirectamente.

O protesto foi inicialmente motivado por questões laborais, pois os trabalhadores exigiam melhores condições de trabalho, mas, segundo o comunicado oficial da empresa, rapidamente se transformou em vandalismo. Equipamentos foram destruídos, veículos e triciclos a diesel queimados, e trabalhadores agrediram técnicos chineses com barras de ferro. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram cenas de saques, incluindo o roubo de alimentos da cozinha da fábrica pelos trabalhadores.

Durante o tumulto, máquinas que operavam com gás natural foram abandonadas sem desligamento, criando um grave risco de explosão. “Os grevistas não perceberam que o gás natural poderia explodir, colocando em risco as imediações da fábrica”, alertou a empresa no comunicado.

Os danos causados à fábrica são significativos e incluem a destruição de equipamentos fundamentais para a produção. A Safira explicou que a manutenção desses equipamentos depende de peças importadas, o que poderá atrasar a recuperação das operações.

Além disso, a fábrica enfrenta dificuldades para escoar os produtos armazenados devido à paralisação das redes logísticas no país, agravada pelos protestos. A queda nas vendas e o excesso de produtos no armazém reflectem o impacto financeiro causado pela instabilidade.

A empresa destacou ainda a competição desleal no mercado nacional, atribuindo parte das dificuldades à ausência de restrições governamentais na importação de revestimentos cerâmicos, que possuem tarifas muito baixas.

A Safira Mozambique Ceramic foi projectada como um marco no sector industrial do país. A primeira pedra foi lançada em abril de 2023 pelo então Governador da Província de Maputo, Júlio Parruque. A fábrica foi oficialmente inaugurada em setembro deste ano pelo Presidente da República, em um evento que celebrou o potencial de impacto socioeconômico da unidade.

O caso da Safira Mozambique Ceramic ocorre em um momento de alta tensão laboral no país, com protestos generalizados em diversos sectores, com maior enfoque para o sector público. Segundo a empresa, os trabalhadores estavam sob “grande pressão mental” e isso contribuiu para o descontentamento que culminou no “acto de vandalismo”.

A falta de diálogo eficaz entre a gestão da empresa e os trabalhadores, agravada pelo contexto nacional de instabilidade, pode ter sido um dos factores que levaram ao desfecho violento.

Até o momento, as autoridades locais e nacionais não emitiram declarações públicas sobre o ocorrido. Não se sabe se os responsáveis pelos danos serão responsabilizados ou se haverá negociações para reverter os prejuízos causados à empresa e ao emprego local.

De lembrar que a quando da sua inauguração, haviam discursos de que com uma produção projectada para abastecer tanto o mercado interno quanto externo, o empreendimento tinha o potencial de se tornar um pilar do desenvolvimento econômico local. (Bendito Nascimento)

 

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