Diante desta onda de contestação e as reminiscências que vem remoendo a população de Topuito, no distrito de Larde, na província de Nampula, eis que a população decidiu na última Quinta-feira (05.12) deslocar-se ao acampamento da Kenmare, uma das empresas que mais factura com a exploração de areias pesadas e com um marketing digital e na imprensa fora do sério, mas em redor onde prospera o bilionário projecto, a vida da população é uma lástima, facto é que mesmo depois de uma prolongada reunião e com um contrato que visava acalmar os manifestantes, diversas infraestruturas que seriam inauguradas nos próximos dias foram incendiadas.
A falta de confiança e as prolongadas promessas levaram com que a população mantivesse longas horas para que se desse o seguimento de um acordo de uma página que se resumia na construção de uma ponte naquela região.
Entretanto, a manifestação que iniciou no período da manhã da última Quinta-feira (05.12) defronte ao acampamento da Kenmare em Larde, com cânticos e dísticos, onde a população acusava as lideranças locais de se dirigirem para aquele local para “tomar café” e não levar as preocupações do povo, acabou forçando que um jato privado que supostamente transportava funcionários da empresa a realizar uma manobra perigosa e a zarpar do local por temer que a avioneta não fosse incendiada pelos manifestantes.
Nos vídeos na posse da “Integrity”, fontes oculares dizem que “não resta alternativa a Frelimo que não seja assinar os papéis e entregar o poder ao engenheiro (…)”. Portanto, de fontes locais apuramos que na Segunda-feira (09.12) inicia-se a implementar o acordo acima mencionado, mas na ocasião a população queimou um Posto policial novo que seria inaugurado nos próximos dias; onde queimaram os bens de um secretário conhecido localmente por ‘Cabeça’.
Na ocasião, foram vandalizadas várias infraestruturas, tendo durante este período, os trabalhadores da Kenmare sido mantidos em cativeiro até por volta das 18 horas de Quinta-feira (05.12). De salientar que a negociação foi liderada por vários jovens provenientes de diversos pontos da província de Nampula que se sentem excluídos pelas empresas como a Kenmare que possui um vasto quadro de profissionais provenientes da região sul do País.
Veja em: https://youtu.be/7vzqBtwWctQ?t=72
De referir que a Kenmare só em 2022, conforme demonstra o resumo da informação fiscal, avança que teve de produtos acabados uma soma de 1,200,800 toneladas. Fez um carregamento de produtos acabados em 1.075,600 toneladas, onde teve uma receita de 526 milhões de USD. EBITDA de 298 milhões de USD (+39%); Lucros após impostos de 206 milhões de USD (+60%) e dividendos por acção de 54.3 USD. Contudo, já em 2023, a Kenmare amealhou mais de 27.5 mil milhões de meticais.
No entanto, “Integrity” contactou uma funcionária do corpo directivo da Kenmare para ouvir a versão dos factos da empresa que imediatamente respondeu-nos que “neste momento não estamos em condições de dar nenhuma entrevista.”
O facto é que os funcionários da Kenmare passaram por momentos de autêntico terror, tudo porque entre os anos 2017 e 2018, após uma intervenção das Organizações da Sociedade Civil e a Assembleia Provincial, a empresa acabou se comprometendo em financiar com uma parte significativa para a construção da ponte sobre o rio Larde e a outra seria canalizada pelo Governo, o que não veio acontecer, uma vez que numa das sessões o executivo avançou que não tinha dinheiro, mas que a concepção da obra seria incorporada no orçamento do Estado, o que não veio a acontecer.
Conforme demonstram os dados em nossa posse, a ponte sobre o rio Larde estava estimada na altura da preparação em 7.778.925,48 USD, tendo a Kenmare se comprometido em comparticipar com mais de 3 milhões de USD, o que não veio acontecer até ao momento, levando que a população usasse este factor como escudo para as suas reivindicações neste período de tensão e caos em Moçambique. (Omardine Omar)