Manuel de Araújo defendeu o seu posicionamento, na noite de ontem (4 de Dezembro) num webinar organizado por um grupo de moçambicanos residentes na diáspora denominados por “Indignados”, que visava responder à pergunta “existem eleições sem democracia?”
O edil de Quelimane fundamentou o seu argumento usando as célebres palavras de Abraham Lincoln “governo do povo, pelo povo e para o povo”. No seu entender o governo moçambicano não se revê nessas palavras mesmo que a Constituição da República estabelecendo no seu artigo dois de que a soberania reside no povo.
“Tenho amigos juízes, procuradores, e advogados. Mesmo pessoas formadas em direito não se dão tempo para interpretar e reinterpretar nas condições de Moçambique, do Estado pós-colonial moçambicano, o que é que isto significa”, lamentou justificando que isso deriva, possivelmente de um problema de cognição e ignorância sobre o que deve ser a democracia desde os níveis mais altos até os mais baixos.
De Araújo vai longe avançando que os moçambicanos não têm reflectido nas condições do Estado pós colonial moçambicano e suas condições de desenvolvimento social e isso de certa forma pode estar associado a falta de ética democrática que consequentemente acaba minando o estado democrático.
“As vezes tento aplicar a ética que eu conheço e às vezes encontro uma situação de descrédito por parte dos meus pares, próximos até familiares”, comentou argumentando que as pessoas com quem convive não concebem que ele seja Presidente do Município e eles desempregados.
Outra justificação apresentada por Manuel de Araújo refere-se a imposição do actual modelo democrático adoptado por Moçambique depois de uma guerra civil entre a FRELIMO e a RENAMO. Para ele, ambos actores políticos têm estado a ignorar os verdadeiros princípios democráticos.
“Há muita ignorância sobre os preceitos democráticos. Não há estudos internos para consolidar a ideia ou o ideal democrático. Nós ficamos numa sala gritando pela janela que queremos democracia enquanto dentro da sala não há democratas”, conclui sugerindo que sejam formados democratas.
Finalizando a defesa do seu posicionamento, a fonte apontou como problema a fraqueza das instituições partidárias, ou seja, Moçambique ainda não tem partidos políticos verdadeiramente democráticos. (Ekibal Seda)