O economista teceu críticas incisivas às recentes declarações e medidas de Mondlane, que incluem a imposição de uma paralisação obrigatória e o fechamento de sedes da Frelimo e aeroportos. Segundo Castel-Branco, essas acções não apenas carecem de legitimidade como também apresentam características totalitárias, colocando em risco a estabilidade do país e agravando o sofrimento do povo moçambicano.
Castel-Branco argumentou que as medidas de Mondlane não têm qualquer valor revolucionário, descrevendo-as como arbitrárias e absurdas. Ele alertou que essas acções reflectem uma ausência de visão política, servindo mais para alimentar o ego do líder opositor do que para avançar uma transformação estrutural significativa. Para o economista, Mondlane adopta uma estratégia comparável à de líderes populistas como Donald Trump e Jair Bolsonaro, operando sob uma lógica de “ou ganha, ou destrói o país”. Essa abordagem, segundo Castel-Branco, apenas reforça a intolerância e a violência contra o próprio povo que Mondlane afirma querer salvar.
Alternativas para a crise
Na sua análise, Castel-Branco apresentou três possíveis caminhos em situações de crise institucional: (1) tomar o poder pela força e instaurar a democracia posteriormente, como no 25 de Abril em Portugal; (2) conquistar o poder e implementar um regime totalitário, cenário que ele associa às práticas de Mondlane; ou (3) trabalhar com as instituições existentes para promover reformas progressistas. Ele destacou que, embora haja energia revolucionária nas massas, Moçambique carece de liderança preparada, organização e visão ideológica articulada para conduzir uma verdadeira revolução.
Acusação de alinhamento com a Frelimo
A publicação desencadeou reacções polarizadas. Alguns críticos acusaram Castel-Branco de defender a Frelimo, acusação que contrasta com sua trajectória de oposição ao partido, incluindo um processo movido contra ele pela Procuradoria-Geral da República em 2013 após críticas ao então Presidente Armando Guebuza. Castel-Branco rejeitou essas alegações, insistindo que as suas críticas a Mondlane não implicam apoio ao partido no poder, mas sim uma preocupação com os riscos de substituir um regime falho por outro ainda mais autoritário.
O debate evidenciou a polarização do cenário político em Moçambique. Enquanto alguns, como Matias Guente, defendem o radicalismo como uma resposta legítima à crise institucional, outros, como Castel-Branco, alertam para os perigos de políticas autoritárias. Para Castel-Branco, Moçambique precisa de alternativas democráticas e progressistas, que canalizem a energia revolucionária de maneira construtiva, evitando os erros do passado e oferecendo um caminho sustentável para o futuro.
A controvérsia sobre as declarações de Mondlane e as críticas de Castel-Branco não apenas reflectem o momento político conturbado do país, mas também destacam a complexidade de navegar um contexto marcado por tensões institucionais e desconfiança generalizada. (IMN)