A Cidade da Matola, na província de Maputo, considerada o parque industrial do país, esteve tímida nas primeiras horas do dia e foi marcada por protestos pacíficos.
Logo ao amanhecer via-se cidadãos a dirigirem-se aos seus locais de trabalho e estabelecimentos de ensino, mas pontualmente às 8 horas as principais vias foram bloqueadas pelos manifestantes com objectivo de impedir a circulação de viaturas.
Sem meios de transportes circulantes a operar os cidadãos viram-se obrigados a seguir viagem para os seus destinos a pé. Em um cenário não habitual, por volta das 8 horas e 30 minutos era possível ver centenas de pessoas atravessando a portagem de Maputo caminhando em ambos sentidos.
“Cheguei na paragem às 7 e tal, não consegui subir chapa assim tenho que caminhar até a cidade para poder trabalhar”, contou Ilídio Armando explicando que deverá percorrer cerca de 15 quilómetros até ao seu posto de trabalho.
Uma vez bloqueadas as estradas elas foram ocupadas por manifestantes que usavam-nas para praticar diversos jogos enquanto outros entoavam cânticos de protestos e erguiam cartazes com mensagens de reivindicação.
Em meio ao bloqueio, havia viaturas que tentaram circular na Estrada Nacional Número 4 (N4) mas estas foram prontamente impedidas. Forçadas a usar vias alternativas também viram-se impossibilitados de prosseguir viagem devido às barricadas que estendiam-se até nos bairros.
Na ronda que a nossa equipa de reportagem fez por esta cidade, constatou que alguns estabelecimentos comerciais, instituições públicas, escolas privadas, e outros serviços funcionavam de forma parcial.
Os mercados que nas outras etapas da manifestação em reivindicação dos resultados eleitorais ficaram completamente vazios desta vez o cenário foi diferente. Os comerciantes não paralisaram as suas actividades pese embora algumas bancas estivessem vazias.
“Nós viemos cedo para poder vender alguma coisa. Vamos manifestar, mas a vender que é para conseguirmos ter o que comer também. Por isso temos apitos e esses cartazes com reclamações”, disse uma das vendedoras do mercado de Malhampsene.
Quando tudo parecia normal em Malhampsene a polícia começou a disparar gás lacrimogénio para dispersar manifestantes e em consequência disso um autocarro da empresa de transportes Lalgy foi incendiado pela população.
Segundo explica-se, a viatura tentava passar mesmo com as barricadas montadas pelos manifestantes e os apelos para não circular. A população culpa a polícia pelos danos.
Em bairros como Patrice, T3, Trevo, Matola A, entre outros, que habitualmente têm sido foco dos protestos no Município da Matola, desta vez iniciaram o dia mais calmo, sem tumultos, ou seja, com manifestações mais pacíficas. (Ekibal Seda)