A frase popular “na terra dos cegos, quem tem um olho é rei” parece ilustrar a percepção de que os técnicos estão se beneficiando em um contexto de desigualdade gritante.
As Prioridades na gestão de recursos públicos
Sendo a HCB uma empresa pública, há um forte apelo para que os seus lucros sejam revertidos em benefício da população local. Comunidades próximas enfrentam problemas como falta de serviços básicos de saúde, infraestrutura precária e extrema pobreza, o que contrasta com os supostos altos salários pagos a uma equipe técnica de futebol.
A nota da direcção técnica do clube sobre os valores divulgados não foi acompanhada de esclarecimentos ou dados concretos. Essa falta de transparência alimenta a desconfiança pública e prejudica a imagem tanto do HCB quanto do clube.
Mesmo que os salários reais sejam menores que os divulgados, a percepção de que há um descompasso entre os investimentos no desporto e as necessidades locais está a causar danos à credibilidade das partes envolvidas. Isso reflecte a importância de uma comunicação clara e de acções concretas para equilibrar os interesses em usar parte significativa dos lucros da empresa para iniciativas sociais e de desenvolvimento comunitário seria uma medida para reconquistar a confiança.
Esse caso sublinha a necessidade de que empresas públicas conciliem acções de responsabilidade social com investimentos desportivos, garantindo que a população local não seja deixada de lado em nome de interesses de menor impacto colectivo.
Apesar de Songo abrigar a Hidroelétrica de Cahora Bassa, que é uma das maiores fontes de energia de Moçambique e da África Austral, a riqueza gerada pela infraestrutura não beneficia directamente a população local.
A situação está criar um contraste entre a presença de um grande empreendimento e a realidade de muitos moradores que continuam vivendo em condições precárias, tais como: falta de acesso a cuidados de saúde, altos índices de abandono escolar devido a factores como trabalho infantil e casamento precoce, o acesso a água potável e saneamento básico continua inadequado em muitas localidades, o que contribui para problemas de saúde pública, estradas, acesso à eletricidade é um dos grandes problemas que a população de Songo, na província de Tete está a enfrentar. (Nando Mabica)