A curadoria da lista é realizada pelo colectivo de jornalistas e produtores de conteúdo das diferentes plataformas de comunicação parceiras, presentes em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Portugal.
No dia 30 de novembro, a BANTUMEN apresentou a quarta edição da Power List BANTUMEN 100, uma iniciativa que reconhece e celebra as conquistas de 100 personalidades afrodescendentes de países lusófonos. Este reconhecimento, que se concretiza numa lista de impacto, celebra a excelência em diversas áreas profissionais e culturais, promovendo a visibilidade e a influência da afrodescendência no mundo lusófono.
A lista, disponível no site da iniciativa, é elaborada em colaboração com vários meios de comunicação de expressão portuguesa, evidenciando a importância da presença e da voz Afrodescendentes nas diferentes esferas sociais, como Ciências, Cultura, Comunicação e Empreendedorismo.
A gala de apresentação deste ano, organizada em co-produção com a Lisboa Cultura, realiza-se no dia 30 de novembro, a partir das 17h30, no Pátio da Galé, no centro histórico de Lisboa, conduzido pelas apresentadoras de televisão Kathy Moeda (Cabo Verde) e Nádia Silva (Angola). O evento contou com a presença do Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, Mayra Andrade, Nenny, Dino de Santiago, Inocência Mata, entre outras personalidades. A moçambicana Assa Matusse, a francesa de origens cabo-verdianas Rislene Semedo e as Batucadeiras das Olaias foram alguns dos artistas que atuaram para os mais de 300 convidados.
A iniciativa visa, além do reconhecimento individual, promover a partilha e a reflexão em torno da diversidade cultural, e no contexto do último ano da Década Internacional dos Afrodescendentes, instituída pela ONU. Esta celebração é uma oportunidade para reforçar a importância do reconhecimento dos direitos afrodescendentes e da luta contra desigualdades históricas.
A Power List BANTUMEN 100 conta com o apoio de dois Media Partners: a RTP África e o canal Trace. A RTP África, responsável pela transmissão em diferido, como canal público voltado à cultura e atualidade das comunidades lusófonas africanas, reforça a conexão e a valorização dessas culturas, enquanto o Trace, canal de televisão francês dedicado à música e à juventude afrodescendente global, amplia o alcance e a representatividade das vozes afro-lusófonas.
A distribuição dos homenageados na Power List BANTUMEN 100 em números reflete 47% Homens, 49% Mulheres e 4% de pessoas não-binários. Em relação aos países de origem: Angola (13%), Brasil (22%), Cabo Verde (19%), São Tomé e Príncipe (11%), Guiné-Bissau (11%), Moçambique (15%) e 19% com dupla nacionalidade (portuguesa mais uma dos PALOP). Em termos de áreas de atuação, Comunicação e Media: 18%; Negócios e Empreendedorismo: 7%; Ciências e Tecnologia: 3%; Artes e Cultura: 32%; Ação Social e Direitos Humanos: 20%
Os homenageados são indicados através de parceiros editoriais – Balai CV (Cabo Verde), BANTUMEN (Lusofonia), CULTNE TV (Brasil), Notícia Preta (Brasil), RSTP (São Tomé e Príncipe) e Xonguila (Moçambique) – assim como através de curadoria de personalidades destacadas em edições anteriores da PowerList.
Esta iniciativa é powered by Hausdown, agência criativa lusófona, e patrocinada pelas empresas cabo-verdianas Unitel T+ (telecomunicações) e Glowcondo (gestão imobiliária). O evento associado à iniciativa conta com a co-produção do organismo Lisboa Cultura e o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, Adega de Borba, Pastéis de Belém, Prosperous Vodka, Turismo de Lisboa, Sogrape e a Kees Eijrond Foundation.
Alberto Magassela
Nascido em Maputo, em 1966, é um reconhecido ator no universo e cinematográfico televisivo e português.
Graduou-se como técnico médio pedagógico em Matemática e Física pelo Instituto Médio Pedagógico de Maputo em 1989. Posteriormente, licenciou-se em Engenharia Informática pela Universidade Lusófona do Porto, em 2014.
Em 2018, concluiu o Mestrado em Engenharia de Software e Sistemas de Informação, na mesma instituição, sob orientação do Professor Doutor David Lamas, apresentando a tese intitulada “Tecnologias de Informação e Comunicação Para o Desenvolvimento ICT4D”. Atualmente, está a realizar um Doutoramento em Artes dos Media na Faculdade de Comunicação, Arquitetura, Artes e Tecnologias de Informação, no Porto.
Magassela iniciou a sua carreira profissional em 1990, como docente de Matemática e Física na Escola 25 de Junho, em Maputo, tendo lecionado em várias outras instituições até 1995. Paralelamente, começou nesse mesmo ano a atuar profissionalmente no Grupo de Teatro Mutumbela Go-Go do Teatro Avenida, também em Maputo. Em 1995, mudou-se para Portugal, dedicando-se exclusivamente ao teatro. Em 1996, integrou o elenco da peça “Dom Duardos”, de Gil Vicente, pelo Teatro Nacional São João, no Porto. Desde então, participou em mais de trinta produções teatrais, destacando-se “O Grande Teatro do Mundo”, de Calderón de la Barca; “Os Negros”, de Jean Genet; “Mar me quer”, de Mia Couto; “Lisístrata”, de Aristófanes; entre outras. O seu trabalho teatral distribui-se por colaborações com várias companhias entre Porto e Lisboa.
No cinema, participou em filmes como “O Crime do Padre Amaro” (2005), “Um Rio Chamado Tempo, uma Casa Chamada Terra” (2005), “O Último Voo do Flamingo” (2010) e “O Grande Kilapy” (2012). Também teve papéis em produções televisivas de destaque, como “O Fura-Vidas” (1999-2001), “A Loja do Camilo” (2000), “A Única Mulher” (2015-2017), “Circo Paraíso” (2018-2019) e “Queridos Papás” (2023).
Entre 2008 e 2012, foi representante da comunidade moçambicana em Portugal no Conselho Consultivo do Alto Comissariado para o Diálogo Intercultural. Desde 2019, Magassela tem-se dedicado à docência em termos profissionais.
Atualmente, leciona pelo Ministério da Educação, ministrando as unidades curriculares de Tecnologias de Informação e Aplicações Informáticas. A sua trajetória evidencia a versatilidade e o compromisso com as artes performativas e a educação, tanto em Moçambique como em Portugal.
Alcy Caluamba
Alcides Caluamba, mais conhecido como Alcy, é natural de Cuamba, na província do Niassa, Moçambique. Formado em Engenharia Informática na Índia, Alcy destacou-se como humorista, dançarino e designer gráfico. A sua carreira na produção audiovisual ganhou visibilidade ao dublar um trecho de uma entrevista que rapidamente viralizou em Moçambique. Através dessa ação, mobilizou apoio beneficente para o entrevistado, portador de deficiência, marcando o início da sua trajetória como uma personalidade influente nas redes sociais, onde partilha momentos de humor com os seus seguidores.
Em 2019, tornou-se no primeiro africano a participar do maior programa de TV de dança indiana, o Dance Plus 5, ampliando o seu reconhecimento internacional. Posteriormente, fundou a Alcy Media, uma empresa localizada em Maputo especializada em fotografia, produção de vídeos, serviços eletrónicos e formação em filmmaking, consolidando a sua presença no mercado audiovisual.
Alcy ganhou contratos com empresas de renome como a Coca-Cola Moçambique e realizou campanhas para marcas como Baygon, Cerveja 2M e Caldo Benny. O seu trabalho e alcance nas redes sociais valeram-lhe destaque na seção de interpretação de texto do Exame Nacional de Língua Portuguesa da décima classe, promovido pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, em 2021.
Em 2024, lançou o seu primeiro filme, intitulado “Caly”. O filme retrata a história emocionante de um pai que luta para resgatar a sua filha sequestrada. Segundo Alcy, este projeto é a realização de um sonho de infância. O saxofonista Moreira Chonguiça elogiou a obra, afirmando que ela contribui para quebrar os tabus que dizem que “os jovens moçambicanos não pensam, a juventude moçambicana está perdida, a juventude moçambicana não cria.”
Actualmente, é um dos influenciadores mais proeminentes de Moçambique, com a sua própria produtora que não só realizou o seu filme, mas também produz trabalhos para empresas de renome e oferece cursos de formação, solidificando-se como um importante nome no panorama cultural moçambicano.
Alia Raúl Sumail