A sua mensagem surge num contexto de suspeitas propositais de anúncio de resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional (CC) e de crescentes tensões pós-eleitorais, com denúncias e evidências de repressão de manifestantes por forças de segurança e a polícia.
Mondlane acusou o regime no poder de querer manter-se à força, sacrificando vidas e usando as festividades como distracção, justificando com o recente pronunciamento do CC, no qual abre possibilidade de anunciar resultados eleitorais a poucas horas do dia de natal.
“Não podemos estar a investir em festas enquanto o país enfrenta uma crise de legitimidade eleitoral. Este ano, temos que dizer bye bye Natal”, disse. Também alertou que, a divulgação dos resultados pelo Conselho Constitucional, prevista para o período natalício, pode ser uma estratégia para desmobilizar o povo e enfraquecer a pressão popular.
Criticando as desigualdades sociais, que também caracteriza as festividades das várias camadas sociais em Moçambique, Mondlane sublinhou que enquanto a maioria dos moçambicanos luta para sobreviver, os líderes políticos desfrutam de luxo e viagens a destinos paradisíacos.
“Eles têm helicópteros e passaportes diplomáticos; o povo não tem sequer dinheiro para festas ou viagens. Querem nos embriagar com comida e bebida para esquecermos as injustiças”, afirmou.
O líder das greves apelou à resistência e à continuidade das manifestações pacíficas, classificando-as como “as verdadeiras festas do povo”. Disse ainda que, as mobilizações que incluem entoar hinos e protestar organizadamente podem alongar-se até que a verdade eleitoral seja restabelecida. “Só haverá celebração quando os direitos do povo forem respeitados”, concluiu.
Este apelo de Mondlane ocorre num momento em que o país está profundamente polarizado, com acusações de repressão, violência contra civis e um futuro político incerto. A tensão social parece longe de ser resolvida, enquanto as manifestações continuam a crescer em intensidade e frequência.
Para hoje, segundo dia da terceira fase da quarta etapa, estão previstas manifestações nos mesmos moldes do primeiro dia (27 de Novembro), com carros sendo estacionados nas vias públicas, hino sendo entoado, buzinas e panelaço ao final do dia. (Bendito Nascimento)