Ossufo Momade: a ausência é um risco
O líder da Renamo, Ossufo Momade, que saiu como o terceiro mais votado conforme a Comissão Nacional de Eleições, começou o seu discurso saudando os presentes, mas foi enfático ao destacar que, sem Mondlane, a conversa seria infrutífera. “Se nós, os três aqui, vamos reunir, não estamos a tratar nada, porque ele [Mondlane] é o centro do problema”, afirmou. Momade foi além, alertando que a ausência de Mondlane compromete a credibilidade do encontro e a possibilidade de resoluções eficazes.
Momade pressionou Filipe Nyusi para intervir directamente, citando que Mondlane enfrenta processos na Procuradoria que limitam a sua liberdade de acção. Este, argumentou que, como magistrado da nação, o Presidente deve garantir que Mondlane esteja presente, não apenas como participante, mas como figura central nas negociações. “Há uma necessidade de o senhor Presidente, como magistrado da nação, fazer tudo para que ele possa estar no país”, reforçou Momade.
Para ele, o sucesso da reunião dependia da presença de todos os candidatos. “Se queremos resolver os problemas, precisamos dele aqui. Nada vamos resolver sem ele”, reiterou.
A resposta de Filipe Nyusi
Num tom mais defensivo, Filipe Nyusi argumentou que não havia nenhuma acção dele, para impedir a participação de Mondlane. Este, destacou que Mondlane não levantou questões formais de segurança e que a falta de informações sobre o seu paradeiro dificultava esforços para integrá-lo ao diálogo.
“Se soubéssemos que está em Gorongosa, iríamos lá. Se estivesse em Palma, também iríamos para lá. Onde está, não sabemos”, disse Nyusi, minimizando as acusações de exclusão deliberada.
Nyusi também tentou afastar rumores de que Mondlane estaria inseguro em participar. Segundo ele, Mondlane havia aceitado o convite, demonstrando confiança de que os moçambicanos prezam por resolver problemas colectivos.
Venâncio Mondlane: críticas contundentes ao governo
Ausente na reunião, Venâncio Mondlane utilizou uma live no Facebook poucos segundos após encerrado o encontro na Ponta Vermelha, para explicar os motivos da sua ausência. De acordo com ele, Filipe Nyusi ignorou completamente as propostas enviadas para a agenda do encontro, deixando claro, na sua visão, que a reunião seria um “teatro político”.
“Enviei uma lista de 20 prioridades, baseada em 40 mil e-mails de cidadãos, mas nenhuma delas foi respondida”, declarou Mondlane.
Mondlane criticou duramente a falta de seriedade de Nyusi ao organizar o encontro. “Não vamos gastar impostos para tomar café e olhar uns para os outros”, disparou. Também, apontou que o governo não ofereceu alternativas para sua participação virtual, uma solicitação que ele julgava viável e prática, uma vez que está fora do país e há processos levantados pela Procuradoria da República em Moçambique.
Para Mondlane, o Presidente Nyusi demonstrou uma falta de compromisso genuíno com o diálogo e com soluções concretas para os desafios enfrentados pelos moçambicanos.
A ausência de Venâncio Mondlane não apenas polarizou o debate, mas também lançou dúvidas sobre a eficácia do diálogo promovido pela Presidência. Enquanto Ossufo Momade exige medidas concretas e inclusivas, Mondlane acusa Filipe Nyusi de insinceridade e má-fé.
Por fim, com as tensões políticas ainda em alta, o episódio expôs as dificuldades de se estabelecer um diálogo real e produtivo em Moçambique. E a partir desta Quarta-feira (27 de Novembro) começa uma nova fase de manifestações anunciadas por Venâncio Mondlane. (Bendito Nascimento)