Em entrevista concedida à Agência Lusa, Victoria Kwakwa, vice-presidente da instituição para a África oriental e austral, afirmou que, embora os trabalhos prossigam, podem ser ajustados caso a situação se agrave para níveis contrários à tranquilidade económica, priorizando a segurança e a transparência.
Na entrevista, a dirigente afirma que esse receio se apresenta num momento em que o Banco Mundial investe em mais de 40 projectos no valor de 511,2 mil milhões de meticais, abrangendo o sector da saúde, da educação e energias renováveis. Apesar disso, o clima de tensão, agravado por protestos que resultaram em mais de 100 mortos, 210 feridos e mais de 1.300 detenções, tem gerado receios.
A situação é ainda mais delicada com o rebaixamento da dívida para CCC pela S&P Global Ratings, indicando alto risco de calote, e com perdas económicas estimadas em 390 milhões de dólares pela CTA durante os dias de paralisação no país, decretados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
No Norte do país, onde ataques armados persistem, o Banco Mundial reafirmou sua decisão de não financiar mega-projectos de petróleo e gás desde 2019, priorizando energias renováveis. Kwakwa destacou que Moçambique possui grande potencial na energia eólica, que está entre os principais focos da instituição.
Esse receio, mesmo depois de o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, ter reforçado há poucos dias, que as previsões de crescimento económico permanecem estáveis, uma vez que a situação actual já fora precavida previamente pelo Banco Central. No entanto, a continuidade dos financiamentos do Banco Mundial dependerá directamente da estabilização política e da confiança nas operações.
A crise política, iniciada após as eleições que deram vitória ao candidato da Frelimo, Daniel Chapo, com 70,67% dos votos, continua a ser um dos maiores desafios para o país, exigindo esforços para a reconstrução da confiança entre governo, sociedade civil e parceiros internacionais. (Bendito Nascimento)