Mondlane apresentou um plano detalhado que inclui quatro momentos principais, distribuídos ao longo do dia:
- Paralisação e buzinão (12h – 12h15)
Às 12h, todas as viaturas deverão parar e buzinar durante 15 minutos consecutivos. Quem estiver a pé, nos locais de trabalho ou em outras áreas públicas, é encorajado a levantar cartazes com mensagens de protesto. “Vimos mensagens incríveis em todo o país, mostrando a criatividade e o descontentamento do nosso povo”, destacou Mondlane.
- Continuidade do buzinão (12h15 – 13h)
Após os primeiros 15 minutos, os carros retomarão o movimento, mas continuarão a buzinar até às 13h. Este período será marcado pelo som contínuo das buzinas, como um alerta colectivo contra as injustiças sociais e políticas do governo da FRELIMO.
- Homenagem às vítimas (13h – 13h25)
Um dos momentos mais simbólicos ocorrerá às 13h, com uma paralisação total de pessoas e veículos. Durante 25 minutos, o hino nacional será entoado repetidamente como forma de homenagem às vítimas de violência, como Elvino Dias, cravado com 25 balas, e Paulo Guambe. Mondlane apelou à adesão nacional, afirmando que “todos, em qualquer lugar do país, devem parar e unir as suas vozes em torno do maior símbolo de unidade nacional: o hino”.
Este, acrescentou que esta paralisação é um momento de solidariedade e respeito por todos os moçambicanos que foram injustiçados, mortos, sequestrados ou humilhados ao longo dos últimos 50 anos. “Seja nos portos, nas estradas ou nas fronteiras, tudo deverá parar. Máquinas, guindastes, geradores, todos os veículos, o país inteiro ficará em silêncio activo e reflexivo”.
- Paneladas e vigília (21h – 2h)
Às 21 horas, começa a tradicional “panelada”, com sons de panelas, apitos, vuvuzelas e cânticos. Este momento de expressão popular durará até às 22 horas.
Às 23 horas, inicia-se a vigília, que continuará até às 2 horas da manhã de sábado. Mondlane destacou que este momento será realizado em locais privados, como quintais, igrejas, mesquitas ou sinagogas, para garantir a segurança dos participantes. A vigília será marcada pela iluminação de velas e por orações em memória das vítimas de violência e injustiça.
Mondlane apelou para que as acções sejam realizadas pacificamente e sem deslocações desnecessárias nas ruas, destacando que “não se trata de marchar, mas de reflectir e orar pelas almas que sofrem e sofreram em Moçambique”. Também, reiterou que a vigília será um espaço para meditar sobre as pessoas que continuam desaparecidas ou detidas injustamente no âmbito das manifestações.
“O dia será um grito silencioso pela justiça. É uma oportunidade para mostrarmos a nossa força como povo e a nossa determinação em transformar Moçambique num país melhor e mais justo”, afirmou o líder das manifestações.
As manifestações, que já decorrem há várias semanas, surgiram como resposta às percepções de injustiça eleitoral e má gestão no país pela FRELIMO, atiçado pelo assassinato de Elvino Dias, advogado de Mondlane e que estava por detrás de todos os processos legais que este candidato levantava.
Contudo, Mondlane expressou esperança de que as acções programadas para sexta-feira continuem a demonstrar a resiliência e unidade do povo moçambicano. Este, reafirmou o compromisso com manifestações pacíficas e destacou que, apesar das dificuldades, “a luta por justiça e dignidade continua a ser um dever de todos os moçambicanos”. (Bendito Nascimento)