Venâncio Mondlane anuncia luto nacional de três dias e a continuidade do “panelaço”

INTEGRITY-MOÇAMBIQUE, 19 de novembro de 2024-Na tarde desta terça-feira, Venâncio Mondlane, figura que tem vindo a ganhar destaque na arena política nos últimos tempos, anunciou o início de um luto nacional de três dias, em solidariedade às vítimas da repressão violenta registada durante as manifestações recentes no país.

Através de uma transmissão ao vivo na sua página do Facebook com mais de 100 mil pessoas o assistindo, Mondlane informou que o período de luto decorrerá de 20 a 22 de novembro, e é dedicado à memória das 50 pessoas que perderam a vida vítimas da repressão violenta da polícia, bem como às famílias afectadas. O apelo feito incluiu um pedido para que os cidadãos usem vestuário preto ou exibam adereços negros, simbolizando a gravidade do momento.

Mondlane contextualizou a decisão como uma resposta directa às crescentes violações dos direitos humanos que têm manchado o cenário político e social moçambicano nos últimos dias, principalmente a partir do dia 21 de outubro com o início das manifestações anunciadas por Mondlane, candidato presidencial que de acordo com a Comissão Nacional de Eleições, foi derrotado pelo candidato da Frelimo Daniel Chapo.

Este, reiterou que as manifestações continuarão a ser pacíficas, mas ajustadas às circunstâncias actuais, recomendando que se limitem aos espaços privados, como quintais e residências, de forma a evitar aglomerações susceptíveis de repressão. Como parte da estratégia de resistência, as “paneladas”, caracterizadas pelo toque de panelas e outros instrumentos às 21 horas, serão mantidas, configurando um acto de protesto simbólico contra a alegada manipulação dos resultados eleitorais e as práticas autoritárias do governo de Filipe Nyusi.

Um dos aspectos inovadores do plano de Mondlane inclui uma paralisação simbólica do trânsito ao meio-dia de cada um dos três dias de luto. Durante 15 minutos, motoristas são encorajados a interromper a circulação, acompanhada de buzinas e mensagens de apoio à democracia. Esta acção, de acordo com o anúncio, serve para reafirmar o compromisso do movimento com os valores democráticos e para dar visibilidade à luta pela verdade eleitoral e justiça para as vítimas.

Mondlane enfatizou, em múltiplas ocasiões durante o discurso, que o movimento repudia actos de vandalismo e apelou à vigilância colectiva para evitar que eventuais infiltrados comprometam a integridade das manifestações. Também, reforçou que a segurança dos participantes e a manutenção do carácter pacífico dos protestos são prioridades absolutas, reafirmando que o objectivo central é a reposição da verdade eleitoral, o fim da violência e a justiça para todos aqueles que foram afectados pela crise actual causada pela “Frelimo”.

Este anúncio ocorre num contexto de tensão crescente no país, com relatos de repressão intensificada, raptos e intimidações contra figuras da oposição e activistas da sociedade civil. Apesar dos desafios, Mondlane destacou a resiliência do movimento, assegurando que, mesmo perante adversidades, os manifestantes continuarão a lutar pela justiça e pela democracia de maneira firme, mas pacífica.

Contudo, ao longo dos próximos dias, espera-se que estas acções simbólicas atraiam atenção nacional e internacional, ampliando a pressão sobre as autoridades e contribuindo para a construção de um diálogo que responda às demandas legítimas dos cidadãos moçambicanos que tem marchado e protestado contra o governo da FRELIMO, fraude eleitoral, assassinato de manifestantes por aqueles que deveriam manter a segurança popular, a polícia. (Bendito Nascimento)

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