Através de uma transmissão ao vivo na sua página do Facebook com mais de 100 mil pessoas o assistindo, Mondlane informou que o período de luto decorrerá de 20 a 22 de novembro, e é dedicado à memória das 50 pessoas que perderam a vida vítimas da repressão violenta da polícia, bem como às famílias afectadas. O apelo feito incluiu um pedido para que os cidadãos usem vestuário preto ou exibam adereços negros, simbolizando a gravidade do momento.
Mondlane contextualizou a decisão como uma resposta directa às crescentes violações dos direitos humanos que têm manchado o cenário político e social moçambicano nos últimos dias, principalmente a partir do dia 21 de outubro com o início das manifestações anunciadas por Mondlane, candidato presidencial que de acordo com a Comissão Nacional de Eleições, foi derrotado pelo candidato da Frelimo Daniel Chapo.
Este, reiterou que as manifestações continuarão a ser pacíficas, mas ajustadas às circunstâncias actuais, recomendando que se limitem aos espaços privados, como quintais e residências, de forma a evitar aglomerações susceptíveis de repressão. Como parte da estratégia de resistência, as “paneladas”, caracterizadas pelo toque de panelas e outros instrumentos às 21 horas, serão mantidas, configurando um acto de protesto simbólico contra a alegada manipulação dos resultados eleitorais e as práticas autoritárias do governo de Filipe Nyusi.
Um dos aspectos inovadores do plano de Mondlane inclui uma paralisação simbólica do trânsito ao meio-dia de cada um dos três dias de luto. Durante 15 minutos, motoristas são encorajados a interromper a circulação, acompanhada de buzinas e mensagens de apoio à democracia. Esta acção, de acordo com o anúncio, serve para reafirmar o compromisso do movimento com os valores democráticos e para dar visibilidade à luta pela verdade eleitoral e justiça para as vítimas.
Mondlane enfatizou, em múltiplas ocasiões durante o discurso, que o movimento repudia actos de vandalismo e apelou à vigilância colectiva para evitar que eventuais infiltrados comprometam a integridade das manifestações. Também, reforçou que a segurança dos participantes e a manutenção do carácter pacífico dos protestos são prioridades absolutas, reafirmando que o objectivo central é a reposição da verdade eleitoral, o fim da violência e a justiça para todos aqueles que foram afectados pela crise actual causada pela “Frelimo”.
Este anúncio ocorre num contexto de tensão crescente no país, com relatos de repressão intensificada, raptos e intimidações contra figuras da oposição e activistas da sociedade civil. Apesar dos desafios, Mondlane destacou a resiliência do movimento, assegurando que, mesmo perante adversidades, os manifestantes continuarão a lutar pela justiça e pela democracia de maneira firme, mas pacífica.
Contudo, ao longo dos próximos dias, espera-se que estas acções simbólicas atraiam atenção nacional e internacional, ampliando a pressão sobre as autoridades e contribuindo para a construção de um diálogo que responda às demandas legítimas dos cidadãos moçambicanos que tem marchado e protestado contra o governo da FRELIMO, fraude eleitoral, assassinato de manifestantes por aqueles que deveriam manter a segurança popular, a polícia. (Bendito Nascimento)