Mais da metade dos navios encomendados para operar no comércio internacional utilizam o gás natural como propulsor em seus motores. O insumo é a principal alternativa do setor ao uso de combustíveis fósseis e para atingir as metas de descarbonização. Os dados são do relatório “Roadmap do Transporte Aquaviário” da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), divulgado nesta 2ª feira (18.nov.2024).
Segundo o levantamento, apenas 2% dos navios em operação não utilizam combustíveis fósseis na propulsão de seus motores. Dessa fatia, 58,5% usam o gás natural nesse papel. Essa aceitação é explicada pela oferta e infraestrutura necessária para o abastecimento do gás em comparação a outras tecnologias como amônia, hidrogênio e baterias.
Uso de combustíveis na frota mundial de navios em número de embarcações
combustível | nº de navios |
fósseis | 115494 |
GNL | 1239 |
GLP | 139 |
bateria/híbrido | 940 |
metanol | 35 |
hidrogênio | 3 |
amônia | 1 |
total | 117850 |
Fonte: EPE (Empresa de Pesquisa Energética) infografe elaborado em 18.nov.2024
Dos navios em construção, a EPE identificou que 27,1% das embarcações utilizarão novas tecnologias de propulsão, sendo o gás natural o preferido. São 1.630 navios encomendados em estaleiros, dos quais 928 vão utilizar GNL (gás natural liquefeito) ou GLP (gás liquefeito de petróleo) para navegar.
Uso de combustíveis em navios encomendados em número de navios
combustível | nº de navios |
fósseis | 4384 |
GNL | 832 |
GLP | 96 |
bateria/híbrido | 433 |
metanol | 234 |
hidrogênio | 10 |
amônia | 25 |
total | 6014 |
Fonte: EPE (Empresa de Pesquisa Energética) infografe elaborado em 18.nov.2024
O GNL ainda é a escolha principal, porque é possível utilizá-lo na modalidade “dual-fuel”, junto com os combustíveis fósseis. A maior parte dessas encomendas de embarcações a GNL são de exportadores desse mesmo produto. O GNL é visto como o principal combustível de transição não apenas para o transporte marítimo, mas para toda a cadeia energética global, como térmicas e veículos terrestres.
O transporte marítimo é responsável por aproximadamente 90% do comércio mundial e responde por 3% das emissões de gases de efeito estufa. Mesmo sendo uma participação pequena, o setor está engajado na redução das emissões.
Os 176 países que fazem parte da IMO (sigla em inglês para Organização Marítima Internacional), da qual o Brasil faz parte, acordaram em julho do ano passado a um plano de zerar as emissões de gases poluentes em 2050.
O relatório da EPE destaca o gás natural como um combustível de transição –o insumo produz gases poluentes, mas em uma escala menor do que os combustíveis fósseis– e que o Brasil pode se inserir na cadeia de produção de biocombustíveis voltados para o setor marítimo. Nessa lógica, o gás é parte do caminho, enquanto os bicombustíveis são o final para a descarbonização.
Contudo, o levantamento aponta que apesar dos bicombustíveis apresentarem uma maturidade tecnológica, ainda não há oferta do produto em escala suficiente para se consolidar como uma opção viável para a descarbonização do setor no curto ou médio prazo. (PODER 360)