Em vez disso, a população Chimoienses, usando panelas e colheres de paus, para escarafunchar, a polícia e as ordens superiores, decidiu inundar as ruas como forma de protesto inserido numa das medidas da quarta fase das manifestações.
Houve barricadas nas vias com maior incidência para os bairros, Nhamaonha, Francisco Manyanga, Soalpo na sua plenitude, 16 de Junho, Josina Machel, 25 de Setembro e 7 de Abril, este último onde a sede do partido Frelimo foi vandalizada e incendiada.
É a sede do comitê Urbano Número 3 que serve como “quartel-general do partido”: onde são traçados os planos eleitorais para os bairros: Francisco Manyanga, Soalpo, Nhamaonha, Nhaurir, 7 de Abril, Stanha, Chianga, 25 de Setembro e Liberdade, na cidade de Chimoio que ficou em cinzas e o partido Frelimo distância o acto de um assunto político, mas sim como uma obra de vândalos porque no seu entender um bom político não destrói infraestruturas.
Para repelir a multidão a polícia foi efectuando disparos pela noite e a madrugada a dentro, deixando lembranças da guerra dos 16 anos, onde para os que a memória não os traí, os ditos matsangas, entravam ao som da AKM pelos bairros de forma a efectuar recrutamentos para alimentar as suas fileiras e saques para preencherem a logística militar, obrigando a população a encontrar uma (Ma-Cover) abrigo seguro na zona do prédio Manuel Nunes e outras na parte de cimento na cidade, aliás muitos dos ilustre que pululam pelas ruas de Chimoio, devem ter sidos projectados nos Ma-Cover, locais onde havia paz durante as rinchas entre a RENAMO e o governo moçambicano.
Na noite da sexta-feira (15.11) a coisa estava muito quente nos becos ao nível da cidade de Chimoio.
“Boss fui abordado com um grupo de manifestantes e começaram-me a vasculhar, queriam saber se sou ou não membro do partido Frelimo, a ideia deles era encontrar um camarada e linchar, depois do tal casting deixaram-me passar, logo depois a polícia começou a disparar, nunca tinha vivido um cenário similar.” Fez-me uma mensagem via SMS com esse teor, meu colega de trabalho na rádio comunitária GESOM em Chimoio, o Joaquim Mungodei com ar de quem por um triz escapou da morte.
Com o culminar dos disparos, efectuados pela polícia para repelir a fúria popular, um cidadão perdeu a vida no bairro 3 de fevereiro, na cidade de Chimoio.
Relatos há que na noite do dia 15 e madrugada do dia 16 de novembro de 2024, foi autêntico martírio para sair do centro da cidade ao bairro da Soalpo, era sempre necessário um contingente policial para desbloquear a circulação de pessoas e bens, entretanto, desde a manhã deste sábado, até ao momento, a Cidade de Chimoio apresenta-se num clima de relativa acalmia. (Pedro Tawanda, em Manica)