Alfazema falava a nossa reportagem em reacção aos incidentes que vem acontecendo desde que iniciou a divulgação dos resultados parciais da votação, ao nível dos distritos e províncias, com destaque para a auto proclamação do candidato Venâncio Mondlane de legítimo vencedor da corrida presidencial.
“Nessas eleições estamos a ter jogo de palavras, nós já vimos uma situação clara de precipitação e quanto a mim parece propositada quando um candidato diz que em menos de 24 horas fez contagem e reivindica vitória e já está a criar comissões de transição de poder”, comentou Alfazema alegando que isso pode descredibilizar e gerar situações violência.
A nossa fonte diz que Mondlane não está a conseguir provar que de facto venceu às eleições e que caso tenha evidências que comprovam a sua vitória recomenda-o a reclamar nos devidos órgãos competentes.
O crítico vai mais além, explicando que estas Sétimas Eleições Presidenciais e Legislativas e às Quartas das Assembleias Provinciais e do Governador de Província não foram muito fraudulentas tanto quanto aos processos eleitorais que Moçambique já teve nestes 30 anos de multipartidarismo.
“As organizações da sociedade civil nos trazem situações de irregularidades, mas não são assim tão gritantes comparativamente às eleições anteriores. São problemáticas, mas não são como as que já tivemos no passado”, minimizou.
O candidato presidencial suportado pelo partido PODEMOS já vem realizando manifestações desde o dia 21 de outubro, em reivindicação aos resultados eleitorais. Questionado sobre a possibilidade do concorrente assumir a governação de Moçambique através de manifestações, Dércio Alfazema descartou essa possibilidade.
“Uma tentativa de assumir o poder a força está fora de hipótese porque ele não tem capacidade. Ele não teria interesse de chegar ao poder por essa via pois retiraria sua legitimidade e não teria apoio de dentro nem de fora”, sublinhou orientando que se trave a narrativa belicista de Mondlane.
Diante disso o crítico mostra-se preocupado com aquilo que chamou de instrumentalização e radicalização da sociedade por parte de Venâncio e não necessariamente reivindicação do processo eleitoral pois se fosse faria nas devidas instituições.
“Isso já vem desde lá, como reivindicou a presidência da Renamo, na pré-campanha depois na campanha eleitoral no dia da votação e agora vem com discursos belicistas. É a materialização do que ele já havia dado sinal”, frisou.
Alfazema saúda “silêncio” da Renamo
Em relação a Renamo que está surpreendida pelos resultados eleitorais com números negativos para o seu escalão e em risco de perder o posto de segunda formação política mais votada do país, Alfazema diz que o partido deve situar-se e reestruturar-se de forma responsável.
“A Renamo é um actor político fundamental neste país, deve olhar as questões internas para depois se posicionar de forma responsável não do ponto de vista de contestação de resultados. É cautelosa a posição de não se precipitar em trazer discursos de desespero”, comentou.
Devido às incidências que marcam este processo eleitoral, o nosso entrevistado lembrou aos concorrentes que é possível governar o país por via de eleições para tal devem organizar-se neste sentido por forma a trazer credibilidade às eleições.
Alfazema finalizou a conversa apelando que o próximo Presidente da República procure mecanismos de unir os moçambicanos pois as clivagens políticas têm estado a separar a sociedade.
“É preciso que ele encontre formas de unir o povo através de uma causa nacional, olhando para os problemas estruturais que o país tem. Desde a questão da corrupção, segurança, confiança das instituições, saúde, educação entre outros aspectos”, finalizou.