Os escritores se manifestam com “profunda preocupação e tristeza” em relação à violência que, até o momento, resultou na morte de cidadãos indefesos e na destruição de infraestruturas públicas e privadas. A associação frisa que essa violência, independentemente de sua origem, “constitui um mecanismo errado para abordar desavenças na sociedade, pois ela apenas serve para aumentar sentimentos de ódio e vingança”.
A proposta dos escribas, descreve três pontos para uma agenda de diálogo entre os dois candidatos. O primeiro ponto central é o compromisso imediato de ambos para cessar o “actual clima de instabilidade e violência” em prol da preservação de vidas humanas e da integridade das infraestruturas. A AEMO apela para que os candidatos adoptem um “compromisso sério e verdadeiro” de realizar concessões mútuas, afastando qualquer atitude de arrogância ou posições radicais.
Chamado por inclusão e compromisso de Paz
Além do encontro, a AEMO sugere que o processo inclua a criação de um Governo de inclusão, no qual todas as forças políticas e sociais, especialmente a juventude, estejam representadas. A associação destaca que a juventude moçambicana é a camada social mais numerosa e, ao mesmo tempo, a mais prejudicada pelas desigualdades e pela má gestão pública. A proposta também inclui a formação de um “Comité de Sábios” que actuará como mediador no diálogo entre os candidatos, auxiliando na moderação e garantindo transparência por meio de actualizações ao público.
Em um segundo ponto, a AEMO sugere a criação imediata de uma Comissão de Unidade e Desenvolvimento Nacional, cuja responsabilidade seria traçar os rumos para uma agenda inclusiva, orientada para um “Novo Pacto Social” que elimine a exclusão social e promova um Moçambique próspero para todos os cidadãos. A associação enfatiza que o país precisa de uma estrutura sólida para a reconciliação e inclusão.
Causas e diagnóstico da violência
Para a AEMO, a falta de independência entre os poderes do Estado cria “relações de promiscuidade e de ingerência nefastas”, comprometendo a confiança pública nas instituições. A entidade destaca ainda que o funcionamento dos órgãos eleitorais é frequentemente apontado como uma fonte de suspeita, dada a percepção popular de que não são independentes nem credíveis, o que alimenta o descontentamento entre os cidadãos.
Por fim, a declaração expõe também a inadequação das forças de segurança para lidar com manifestações populares, ressaltando que a polícia e outros agentes da lei não têm o treinamento adequado para proteger os direitos humanos, o que resulta no uso excessivo da força excessiva. “As Forças da Lei e Ordem não possuem nem o devido treinamento em salvaguarda efectiva e prática de Direitos Humanos”, afirmam, mencionando a necessidade de equipamentos como canhões de água e bastões, que poderiam conter protestos sem o uso de armamento letal. (Bendito Nascimento)