A iniciativa surge num momento em que o país enfrenta uma crise pós-eleitoral, com indícios de violência e repressão contra cidadãos que contestam os resultados das eleições e manifestam em quase todo o país.
O manifesto, assinado por figuras notáveis como os economistas Carlos Nuno Castel-Branco e Gabriel Muthisse, o sociólogo Elísio Macamo, o jurista Tomás Timbane, o filósofo Severino Ngoenha e Tomás Mário (jornalista) expressa preocupações com o estado actual do país, marcado pela “erosão da confiança nas instituições do Estado e no sistema político”. De acordo com os signatários, a situação actual revela a necessidade urgente de renovar o compromisso com os ideais de independência, dignidade humana e cidadania activa.
Os académicos destacam que a paz e a segurança cidadã dependem de uma reflexão profunda sobre temas como a separação de poderes, a descentralização, a justiça eleitoral e a autonomia regional e local. “Fazer de Moçambique um país seguro para a cidadania significa reflectir seriamente sobre o nosso sistema político para que ele encoraje, facilite e proteja o exercício da cidadania”, enfatiza o documento.
Além disso, o manifesto condena o assassinato recente de políticos da oposição e a repressão violenta de manifestações populares, destacando que esses actos comprometem o direito dos cidadãos à liberdade de expressão e à comunicação. Para os signatários, essa crise põe em evidência a necessidade de unir forças políticas e sociais para restaurar a paz e a justiça social no país.
Outras figuras signatárias são: Carlos Serra, ambientalista e jurista, Constantino Marrengula, académico e economista, Egna Sidumo, académica e cientista política, José Macuane, académico e cientista político e Kátia Taela antropóloga
De referir, que tal manifesto surge em um período em que diversas singularidades e colectividades estão constantemente a emitir reações face ao contexto conturbado que atravessa o país influenciado pela gestão do processo eleitoral.
Contudo, os académicos apelam para que as lideranças políticas convoquem uma Conferência Nacional inclusiva, onde seja possível discutir e encontrar soluções para os desafios actuais do país, reforçando a cidadania e os direitos fundamentais. “Unidos na diferença, somos Moçambique”, conclui o manifesto, reafirmando o compromisso com a construção de um futuro pacífico e justo para todos os moçambicanos. (Bendito Nascimento)