Diante deste mar de problemas, hoje a juventude encontra-se nas ruas a exigir a reposição da verdade chancelada pela equipa de Dom Carlos Matsinhe na Comissão Nacional de Eleições (CNE) e a responsabilização daqueles que assassinaram Elvino Dias e Paulo Guambe, assim como, a mudança da abordagem governativa que se verifica há 49 anos, onde uns roles de problemas foram sendo acumulados e ignorados. Hoje a população perdeu o medo e passou a contra-atacar as autoridades policiais que nos primeiros dias exibiu uma musculatura desproporcional com a população.
A nossa pátria tem muitos traidores. Os tais que hoje governam o País traíram a pátria. Os ministros que deixam os nossos filhos estudarem com manuais repletos de erros são traidores. Os ministros que inventam relatórios e afirmam que os moçambicanos têm três refeições também são traidores da pátria. O Comandante da Polícia que dá ordens ilegais para disparar contra o povo também é um traidor da pátria. O agente da investigação criminal que no lugar de fazer o seu trabalho passa a vida a sequestrar empresários ou seus parentes também é um traidor da pátria. O manifestante que no lugar de exigir os seus direitos vandaliza bens alheios e infraestruturas públicas é também um traidor da pátria.
Em Moçambique, o cenário da tensão popular poderá aumentar caso os traidores da pátria que andam de farda e arma do povo decidam assassinar mais inocentes em marchas ou caminhadas. A situação poderá ganhar um outro nível caso mais um traidor da pátria decida pelo assassinato de mais vozes críticas ou o candidato presidencial Venâncio Mondlane. É imperioso que se encontrem os cidadãos mais patriotas deste País para resolver esta situação que já paralisou nossas vidas e ameaça prolongar o caos.
Os juízes conselheiros do Conselho Constitucional devem salvar a pátria ou caso não também serão traidores da pátria, uma vez que estarão a legitimar o estágio de falsidade e uma justiça que apregoa a injustiça em detrimento da legalidade, verdade e recuperação da credibilidade das instituições do Estado, porque caso contrário estaremos a passos largos para a somalização do País, onde a justiça pelas próprias mãos se transformará em moda.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve imediatamente começar a organizar os crimes perpetrados contra cidadãos inocentes, assim como localizar e responsabilizar todos os saqueadores. Um polícia criminoso não merece amnistia de nenhum sistema de justiça sério. Razão pela qual, as instituições que trabalham em defesa dos direitos humanos devem imediatamente começar a documentar, organizar, processar e levar para as organizações internacionais como o Tribunal Penal Internacional, regional ou continental para sancionar os mandantes destes actos que estamos a acompanhar diariamente no País.
Chega de impunidade, principalmente de um agente policial violento e desprovido de cérebro para entender que todos nós temos direito à vida e isto é inegociável. É importante começarmos a desarmar a mente dos moçambicanos e o espírito de ressentimento, porque caso contrário poderemos ter uma demonstração do que aconteceu no Ruanda, onde uma acção irresponsável reactivou um velho problema que culminou em genocídio.
Não podemos deixar que a pátria morra, simplesmente porque alguns traidores colocaram os seus interesses em frente da maioria e do futuro do País. É importante que depois desta toda convulsão social e política que se assiste, Moçambique possa se reencontrar e todos nós juntos trabalharmos em prol do desenvolvimento do País e respeitarmos as nossas diferenças sem exclusão. (Omardine Omar)