Por: Marcos Abílio, Analista político
Inicialmente a crise era caracterizada por troca de acusações entre os principais actores políticos das sétimas eleições gerais (Frelimo, RENAMO, MDM e PODEMOS), órgãos de administração eleitoral (Comissão Nacional de Eleições (CNE) e Secretariado Técnico de Administração Eleitoral-STAE) e de justiça (Procuradoria Geral da República e Tribunais).
Por um lado, os partidos políticos da oposição denunciavam a proibição de seus delegados de candidaturas e mandatários de participarem na fiscalização e monitoramento de processo de votação, contagem e divulgação de resultados eleitorais. Esses acusavam a FRELIMO de controlar e usar órgãos de gestão eleitoral com vista garantir a sua permanência do poder em detrimento da vontade popular expressa nas urnas. Por outro lado, havia FRELIMO que acusava a oposição de recorrer a informações e acusações falsas para manipular a opinião pública nacional e internacional com vista justificar a derrota, no entanto, o que vi no campo e assisti nas TVs rebate essa acusação da Frelimo.
Relativamente à Procuradoria-Geral da República, foi usada para intimidar Venâncio Mondlane, candidato presidencial do PODEMOS para o afastar de seus seguidores e apoiantes depois das eleições. No entanto, Venâncio Mondlane não deixou levar pela ameaças e intimidações da Procuradoria Geral da República (PGR), aliás, Mondlane desafiou a PGR a responsabilizar o partido no poder pelo uso de bens do Estado durante o processo eleitoral, a responsabilizar a Polícia da República de Moçambique pelo baleamento de cidadãos que tentavam impedir fraude eleitoral e aqueles que foram encontrados com boletins de voto pré-votados (incluindo enchimento de urnas) a favor do partido no poder.
- O que vem agravando a crise política e social
No dia 10 do mês em curso, portanto, um dia depois das eleições, Venâncio Mondlane convocou uma conferência de imprensa onde se declarou vencedor das eleições presidenciais. Segundo disse Mondlane naquele dia, a sua declaração baseava-se na contagem paralela de 30% de editais de voto a nível nacional feita pela sua equipa o que levou a PGR a intimar pela segunda vez ao Venâncio Mondlane, seu Advogado e Assessor jurídico denunciou nas TVs e na sua página oficial do Facebook clima de intimidação instalado no país apadrinhado pela PGR. Três a cinco dias depois as comissões distritais e provinciais de eleições anunciaram resultados adulterados o que levou Venâncio Mondlane a anunciar uma manifestação nacional para dia 21 de outubro corrente em repúdio à fraude eleitoral, mais uma vez, seu advogado andou nas TVs e redes sociais a explicar as pessoas a base legal da manifestação e convocar pessoas a fazer parte da mesma o que teve resposta imediata e positivo do público.
Só que, faltando três dias para dia 21 (data da manifestação) os terroristas urbanos recorreram à esquadrão da morte para assassinar o advogado do Venâncio Mondlane, candidato presidencial do PODEMOS, Elvino Dias e Paulo Guambe, Mandatário do PODEMOS com objetivos de inviabilizar a manifestação e abater psicologicamente Venâncio Mondlane.
Para eles, matando Advogado Elvino Dias o Engenheiro Venâncio Mondlane perderia apoio de seus próximos e populares, mas não é isso que aconteceu. A morte de Elvino Dias causou uma onde de condenação e indignação interna e externa.
Em suma, o assassinato do Elvino Dias e a violência policial ocorrido no dia 21 nas cidades de Maputo, Matola, Beira, Nampula, Pemba, Quelimane, etc, que ditou o agravamento da crise política e social em Moçambique.
Neste momento a manifestação é uma realidade que está afectando quase todos distritos do país, para evitar possível continuidade da mesma os serviços secretos orientaram o PR, Filipe Jacinto Nyusi para que se bloqueia o acesso às redes sociais (Facebook, WhatsApp, Twitter, etc) o que se efetivou na tarde desta sexta-feira, dia 25 de outubro.