INTEGRITY, MAPUTO, 25 DE OUTUBRO DE 2024 – À medida que os resultados eram divulgados, a indignação tomou conta dos estudantes, especialmente após a intervenção online de Venâncio Mondlane, o segundo candidato mais votado. Nas residências da UEM, a mais antiga instituição de ensino superior do país, ecoaram cânticos de revolta. Estudantes, visivelmente frustrados e cansados de promessas não cumpridas, ergueram a voz em protesto, clamando por mudanças.
Num vídeo amador que circula nas redes sociais, alunos da Residência Nº8, situada na Avenida Karl Marx, são vistos a atirar materiais escolares pela janela em direcção à estrada, enquanto entoam gritos de ordem: “Estamos cansados, queremos mudanças, queremos Venâncio…” A cena é um retrato vívido da insatisfação gerada por um processo eleitoral que muitos consideram injusto e manipulado.
As manifestações não se limitaram a uma única residência. Na “Tangará”, no coração do campus, a agitação aumentou. Os estudantes não apenas contestaram os resultados das eleições, mas também exigiram melhorias nas condições de internamento que, segundo eles, têm sido negligenciadas.
“Tivemos uma reunião esta manhã com a directora dos serviços sociais, que nos advertiu que não podíamos protestar dentro da residência, mas sim na rua”, revelou uma estudante, optando por permanecer anónima. O ambiente estava tenso; as palavras da directora ecoaram como uma ameaça velada. Ela não foi a única a visitar os estudantes; a Presidente do Conselho Nacional da Juventude, Emília Chambal, tentou ouvir os relatos dos jovens, mas a sua presença foi recebida com hostilidade, simbolizando a desconfiança generalizada.
A situação atingiu um ponto crítico quando circulou entre os estudantes uma mensagem alarmante, a qual a INTEGRITY teve acesso: “A UEM cortou a alimentação dos estudantes que apoiaram as manifestações. Estão à procura de estudantes que gritaram ontem, após o anúncio dos resultados, para os expulsar. O reitor quer uma cabeça para amedrontar ainda mais os alunos.”
Em resposta a estas ameaças, os estudantes formaram um grupo de WhatsApp, onde se atualizam sobre a situação. Se as represálias se confirmarem, prometem unir forças e agir, mostrando que a chama da resistência está longe de se apagar. O futuro é incerto, mas a determinação dos jovens é inegável: estão prontos para lutar por uma voz e por mudanças reais. – ONÉLIO LUÍS