O nosso Jornal conversou com Juci Reis, idealizadora e curadora da COMITIVA BAHIA na Feira do Livro de Maputo 2024, está promovendo junto com os seus colaboradores uma circulação de mais de vinte escritoras baianas, das áreas de literatura, e bibliodiversidade.
Seus projectos actuam em diálogo entre as diferentes disciplinas da arte contemporânea, assim, ao criar circuitos colaborativos entre artistas e gestores do campo cultural, o programa já realizou mais de 800 projetos de forma construtiva, numa esfera de autogestão. Até 2024, desenvolveu programas artísticos em mais de dez países, promovendo alternativas para gerar “outros” modelos de gestão ligados a questões de raça, gênero e território.
Que significado empreende a participação da comitiva bahia na Feira do Livro?
A participação da comitiva Bahia na Feira do Livro é uma resposta às ações continuadas da bibliodiversidade no Brasil, a cadeia produtiva do Livro, que possibilita a democratização da informação e garante a representatividade, neste caso, autoras negras baianas. Também é indicador de como a produção literária, no contexto raça e gênero estão à margem de alguns dos imperativos sociais, especialmente, o racismo estrutural, portanto, a circulação de autoras negras baianas, significa resistência, para promover produções independentes e o reconhecimento de novas produções da literatura feita na Bahia, em suas mais variadas formas e expressões e o seu valor para a construção de relações com a literatura africana.
Que resultados esperam deste intercâmbio?
O intercâmbio será propositivo para a construção de relações literárias, como também o reconhecimento das novas produções da literatura feita na Bahia. Esperamos que as autoras baianas possam dialogar com a cena contemporânea de literatura em Moçambique e fazer trocas significativa com o público leitor, especialmente promover o discurso sobre bibliodiversidade potencializando temáticas até pouco tempo atrás inusuais na ficção brasileira, como racismo, LGBTQIAPN+, identidade de gênero, direito das mulheres, pobreza, sustentabilidade.
Quem a flotar?
A Flotar é uma plataforma curatorial que foi criada com o objetivo de promover o diálogo internacional entre as diferentes disciplinas da arte contemporânea, bem como criar relações entre artistas e gestores do campo cultural. Nos últimos treze anos realizamos mais de 800 projetos de forma construtiva, quase todos numa esfera de autogestão e circuitos colaborativos. Desenvolvemos projetos artísticos e educativos em mais de dez países, geridos de forma associativa entre artistas e instituições, entre os quais podemos citar programas em Moçambique, Angola, São Tomé Príncipe, Japão, Estados Unidos, Canadá, Portugal, Polónia, Noruega, Brasil e México; sempre considerando alternativas construtivas para conceber modelos de gestão.
Biografia
Juci Reis é cofundadora da Harmonipan e Flotar, 2010 (Brasil/México). Colabora com projetos de gestão cultural nos Institutos Guimarães Rosa da Embaixada do Brasil em Cabo Verde, Angola, São Tomé e Príncipe e Moçambique. Atualmente é Consultora de Inteligência de Mercado do Setor Editorial do MICBR (OEI) e curadora convidada do MMAC (Morelense). Museu de Arte Contemporânea do México) 2023/2024.
Em quatorze anos construiu projetos com apoio de: MINC-Brasil, SECULT-Bahia, MIO (Museu da Criança de Oaxaca- Fundação Alfredo Harp Helú), MUFI (Museu da Filatelia-de Oaxaca- Fundação Alfredo Harp Helú), Centro de Arts, Centro de la Imagen , Casa del Lago – UNAM, The McArthur Foundation (EUA), ReWire (DE), The Graham Foundation (EUA), Index (MX), LAMPO (EUA), Elastic Arts (EUA), Comfort Station (EUA) ), Museo Tamayo (MX), Festival Aural (MX), ESS (EUA), EPAC (MX), TABF (JP), Museo Universitario del Chopo (MX), Sonic Acts (NL), OEI e (MICBR) por menção outros.