As ameaças não estão limitadas a um único ponto, espalhando-se por várias províncias, com vídeos que mostram cidadãos de diferentes regiões, incluindo a Beira, em Sofala, expressando seu descontentamento. Num vídeo amplamente compartilhado, um indivíduo afirma que, caso a FRELIMO continue governando por via fraudulenta, “não haverá mais gabinetes da FRELIMO” na Beira, e acrescenta: “se for preciso, colocaremos fogo”. Destaca que a população está disposta a morrer por esta causa, alegando que “se for para se morrer, vai se morrer, mas nós vamos matar porque eles são criminosos”.
A retórica violenta foi amplificada com outros vídeos, onde os cidadãos falam de forma similar sobre o que consideram ser uma eleição manipulada. “Os governantes do nosso Moçambique, de 49 anos, estão a tentar fraudar muitos documentos”, afirma um mascarado num vídeo amador, reiterando que o povo está atento e pronto para resistir às alegadas fraudes. “Estamos aqui a dizer que estamos atentos. Bem atentos”, avisa ele, pedindo que os apoiadores da FRELIMO tenham cautela. “A FRELIMO tem que abrande, porque desta vez é de vez.”
Esse descontentamento é especialmente expressivo em várias províncias, principalmente Sofala, Nampula e Zambézia e a capital do país, onde muitos eleitores dizem ter apoiado o partido Podemos, encabeçado por Venâncio Mondlane, e sentem que seus votos foram “roubados”.
Em várias dessas comunicações, as palavras usadas são de extrema gravidade, com frases como “frelimistas, abrande, abrande, já toleramos muito” e “nós vamos poder inverter o que nós soubemos”, que indicam uma revolta latente entre os cidadãos. A frustração está sendo fomentada principalmente por alegações de fraude, com várias vozes acusando a FRELIMO de manipular o processo eleitoral para se manter no poder.
Até ao momento, não há relatos de confrontos físicos, mas o tom cada vez mais agressivo nas redes sociais sugere que a situação pode rapidamente sair do controle se as preocupações não forem abordadas de forma transparente.
A expectativa, agora, gira em torno dos resultados definitivos e de como o governo e as autoridades eleitorais vão responder às crescentes acusações de fraude e manipulação. A escalada de ameaças violentas indica que, para muitos cidadãos, aceitar uma vitória da FRELIMO sem questionamentos não é uma opção, e estão prontos para agir se perceberem que a justiça eleitoral não foi respeitada. (IMN)