Por: Bendito Nascimento
Chegamos a mais uma fase do grande espetáculo eleitoral, onde a promessa de uma “democracia vibrante” parece cada vez mais uma piada de mau gosto. E a ironia é tão forte que, em certos círculos, começa-se a perguntar se, por acaso, a urna é o melhor lugar para decidirmos os nossos futuros. Urnas? Já nem parecem aquelas caixas neutras onde as nossas vozes iam ganhar forma. Agora, quem olha para elas pode jurar que têm vida própria! Sabem quantos votos vão ter antes mesmo de os contarmos. Que sorte, não é?
E onde há truques de mágica, há sempre um público meio desconfiado. As acusações de fraudes eleitorais surgem aos montes, como pipocas em panela quente: boletins de voto pré-marcados, desaparecimento de urnas…. Será que estamos a falar de um processo democrático ou de um truque de ilusionismo que falhou? Será que somos nós os mágicos ou apenas as cobaias do espectáculo?
No meio deste circo eleitoral, pergunto-me: quem está a enganar quem? Será que, de tanto ver “eleições”, ainda acreditamos que o voto vai mudar algo? Ou será que já nos conformamos com o “já sabemos quem vai ganhar” e, portanto, seguimos a rotina, como quem vai para o trabalho num dia de chuva, sabendo que vai sujar os sapatos, mas que o patrão não vai querer saber das desculpas?
A justiça, essa eterna personagem secundária que só aparece quando o roteiro exige, diz que está investigando mais de 40 casos de irregularidades. Será que já vai descobrir algo este ano? Ou vai deixar para o próximo pleito? É que, no ritmo que isto vai, começamos a desconfiar que o verdadeiro problema não é a fraude, mas a falta de criatividade. As mesmas desculpas, as mesmas falcatruas, os mesmos discursos… A democracia é que parece nunca mudar.
E nós, o povo, o que nos resta? Rir ou chorar? Ficar em casa, assistir de longe, ou ir mesmo às urnas como quem vai a um funeral sabendo que o morto não foi bem tratado? Será que, no fundo, estamos apenas a desempenhar o papel de figurantes nesta grande peça de teatro, onde os protagonistas já conhecem o final da história?
O que me faz pensar… Se esta democracia fosse um filme, que gênero seria? Drama? Comédia? Tragicomédia? Talvez até uma mistura de todos. O mais curioso é que continuamos a comprar bilhetes para ver a mesma peça, todos os anos, sem grandes alterações no enredo. E a pergunta que fica é: quando é que vamos pedir o nosso dinheiro de volta?