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INTEGRITY – MOÇAMBIQUE, 06 de Setembro de 2022 – Um estudo divulgado nos finais do mês de Agosto do presente ano pelo Instituto de Estudos de Segurança (ISS), com o título traduzido para o português “Extremismo violento em Moçambique: Drivers e links para o crime organizado transnacional”, revela que, para naturais e residentes em Cabo Delgado, os ataques terroristas, que se fazem sentir desde 2017, podem ser um meio de o Estado usurpar os seus recursos.
No estudo, de 52 páginas, avança-se que o mesmo foi uma pesquisa e análise sobre a agência de terrorismo em Cabo Delgado e que serviu para o desenho de estratégias informadas para abordar a situação. O estudo levou ao ar a voz do povo de Cabo Delgado, através dos deslocados e outras pessoas de crimes, comunitários, líderes de jovens e mulheres, seguranças, estudantes, funcionários, Governo Central e especialistas do governo local.
A pesquisa de campo realizada por pesquisadores seniores do ISS explica que, sobre drivers do terrorismo e extremismo violento e sua convergência com o crime organizado transnacional em Cabo Delgado, estiveram em interação com 309 fontes e entre elas 28 informantes.
Uma das constatações que o estudo apresenta é que há um descontentamento generalizado em Cabo Delgado, e entre os factos está que o Estado presta um mau serviço, marginaliza a população, a começar pela falta de desenvolvimento e desemprego juvenil generalizado. Mesmo antes do terrorismo em 2017, já havia uma extrema raiva em Cabo Delgado.
Segundo o ISS, na época, o crime organizado ganhava muito dinheiro a um ritmo alarmante, a ponto de ter-se tornado economia alternativa na região, a par da mineração de rubi artesanal, agricultura e pesca, como principais fontes de subsistência.
No entanto, a evacuação de pessoas, desapropriação de terras e infra-estruturas deixou muitas pessoas em uma região já devastada por enchentes e secas, sem fontes de salário. Foi vítima do franchising global do terrorismo ou do resultado de queixas profundamente enraizadas?
De acordo com o ISS, para além das questões prementes dos meios de subsistência, este estudo descobriu que as pessoas foram mais prejudicadas pelo fracasso do Estado em não ouvir suas queixas. O Governo não deu atenção aos primeiros sinais de alerta sobre uma insurgência. Estas e outras queixas têm alimentado teorias da conspiração sobre o terrorismo em Cabo Delgado.
Os mais perigosos deles vêm o problema como uma manobra do Estado para usurpar recursos. A percepção no geral era que o diálogo e uma solução política deveria ser procurado. Os também são totalmente implantação estrangeira para os próximos do governo para conter uma insurgência.
A insurgência e a prevalência do crime organizado acrescentaram mais à vida do povo do Cabo Delgado e agravaram ainda mais a pobreza, o desemprego, analfabetismo, subdesenvolvimento e falta de meios de subsistência. Apesar da melhora no combate ao ASWJ, os militares não estão abordando as causas profundas e os factores políticos e sócio-económicos que uma insurgência.
Embora o estudo tenha encontrado falhas para registar a nexo entre a insurgência e o crime organizado, observe que este último se está beneficiando da violência.
A 05 de Outubro de 2017, cerca de 30 assaltantes atacaram esquadras da polícia vandalizando Mocímboa da Praia, um distrito portuário estratégico em Cabo Delgado e a aldeia vizinha de Maculo. Eles estavam armados com catanas (facões), fachadas, 6 bastões, armas de fogo incluindo AK-47s, Kalashnikovs e metralhadoras.
Um entrevistado afirmou que: “No momento do ataque em Mocímboa da Praia, eu comandava o distrito e perdi um policial no posto de controle de Awasse e dois outros feridos. O ataque durou quase todo dia. Havia muitos agressores. Somente quando o apoio do Comando Provincial do Niassa chegou, foi a situação controlada”.
Eram principalmente jovens pertencentes a um grupo obscuro islâmico grupo chamado Ahlu-Sunnah wal Jama’ah (ASWJ), conhecido localmente como al-Shabaab ou Mashabab. Motins semelhantes foram relatados a 02 de Outubro de 2017, em Mandimba.
Durante as entrevistas de campo, alguns informantes indicaram que um ataque 04 de Outubro em Awasse pressagiava a tragédia em Mocímboa da Praia. Awasse é uma aldeia onde a estrada Mueda-Mocímboa da Praia cruza a estrada de Silva Macua a Mocímboa da Praia e Palma.
A insurreição imitou surtos semelhantes de massa, recrutamento por grupos terroristas em outras partes do continente, como Nigéria em 2009, Mali em 2012 e Somália em 2006. Lá, grupos islâmicos revoltaram-se contra os estabelecimentos definidos.
Para os pesquisadores, tornou-se evidente que os autores do ataque de 05 de Outubro de 2017 em Cabo Delgado foram alinhados com o movimento islâmico de ideologia revivalistas e predominantes na África, na década de 1980, após a Revolução Islâmica no Irã, em 1979. Uma característica-chave desses grupos é que o seu manifesto desdenha o estilo ocidental da educação e propensão à violência. (Omardine Omar)
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