São todos MMV indicados clandestinamente pela Frelimo em coordenação com o director distrital do STAE. No total são 58 presidentes de mesas de voto, segundo a lista apresentada, esta segunda-feira, pelos representantes da oposição, nos órgãos eleitorais, em Quelimane.
O que aconteceu é que a formação foi encerrada na última sexta-feira, mas antes dos formadores entregarem a lista dos candidatos apurados ao STAE Distrital, a Frelimo, através do director distrital do mesmo órgão, já tinha uma lista das pessoas que iriam ocupar as funções de presidente, vice-presidente e secretário de mesas de votos. A maior deles são pessoas que foram julgadas por ilícito nas autárquicas do ano passado.
Segundo a STV (ver vídeo aqui), uma estação televisiva privada que cita o director adjunto do STAE distrital de Quelimane, em representação da oposição, o director distrital e o seu adjunto do mesmo órgão, provenientes da Frelimo, não aparecem na instituição desde o dia 4 de Outubro. Igualmente, cinco técnicos e os formadores não se fazem presentes ao STAE para a aprovação e afixação das listas.
“Nunca devem dificultar pessoas com pastas”
Num boletim recente, publicámos áudios de uma formadora provincial de Monapo que revela que estavam a ser orientados a manipular os resultados eleitorais no dia 9 de Outubro. No domingo passado, 6 de Outubro, uma nossa correspondente conversou, na Escola Secundária de Nampula, com alguns dos MMV que acabavam de ser formados.
Na conversa, eles revelaram que os presidentes e vice-presidentes das mesas foram orientados a não dificultar os eleitores. “Disseram-nos que não podemos dificultar pessoas de votarem, mesmo que venham com hijab grande ou pasta temos que deixar votar“, disse um dos recém formados que, por sinal, irá ocupar a vaga de presidente.
Segundo eles, foi-lhes informado que “Se a descarga for a mais e na urna tiver votos a menos”, vão ter problemas, mas “se a descarga for a menos e na urna tiver votos a mais, não haverá problemas. Se virem o presidente a encher votos não se atrapalhem, deixem-no fazer o trabalho dele. Evitem qualquer coisa como chamar polícia ou a imprensa”.
MMV vão às eleições descontentes
O nível de descontentamento dos MMV é elevado, devido ao subsídio que é bastante insignificante. No domingo, os MMV do distrito de Mogovolas, província de Nampula, protagonizaram uma greve contestando as condições precárias impostas pelo contratante.
O STAE em Mogovolas decidiu oferecer um subsídio de apenas 120 meticais aos MMV, destinado a cobrir as despesas de transporte para o local de votação, o que gerou indignação entre eles.
Igualmente, irão receber subsídios que variam entre 4 mil e 5 mil meticais, valores considerados insuficientes para a natureza do trabalho que irão desempenhar. Os MMV acusam o STAE e o partido de os terem pressionados a assinar os contratos.
A situação tornou-se rapidamente tensa, levando a ser chamada a polícia a fim de controlar a situação e garantir a ordem pública. Os grevistas exigiam a melhoria das condições de trabalho no terreno e uma revisão dos valores das remunerações. Os valores que irão receber são considerados irrisórios para a responsabilidades que assumem durante o processo eleitoral.
Em Maganja da Costa, na Zambézia, os MMV estiveram ontem amotinados no STAE distrital, recusando-se a ir ao terreno sem condições disponibilizadas, ou seja, dinheiro para o sustento durante os dias que ficarão nos seus postos onde foram afectos.
Numa conversa, um dos MMV, por sinal presidente de mesa,avançou que só após muita agitação foram solicitados apenas presidentes para os acalmarem,justificando que estavam à espera a orientação do nível provincial e garantiram que os valores dos manifestantes irão receber hoje, terça-feira.
Até ao final do dia,muitos MMV ainda permaneciam no local (STAE) de malas feitas, aguardando novas orientações. Segundo apurámos, irão ser pagos os seguintes valores aos MMV após as eleições:
• Presidente da Mesa de Votos: 5000, 00MT;
• Vice-Presidente: 4.500, 00Mt;
• Secretário: 4.300, 00MT;
• Escrutinador: 4.000, 00MT.
MDM com muitas ausências de MMV
Em muitos distritos, o MDM apresenta-se com défice de MMV. Por força da lei, os partidos com assentos no parlamento, nomeadamente a Frelimo, Renamo e o MDM, têm o direito de indicar um MMV por mesa.
Em alguns distritos de Tete e Niassa, o MDM não conseguiu entregar a lista completa de MMV. Por exemplo, em Mágoè, em Tete, na lista afixada no último sábado pelo STAE, o lugar do terceiro escrutinador está em branco, o que mostra a ausência de membros da mesa de voto do partido político MDM. O mesmo ocorre em muitos distritos de Niassa. (TEXTO: CIP)