Guebuza questionou: “Qual é o país que nós conhecemos, que vocês conhecem, que tem uma distribuição de riqueza correcta?” Ressaltou que, historicamente, muitos países africanos souberam utilizar os seus recursos de forma eficaz, mas o mesmo não pode ser dito para Moçambique. “Quando chegaram a apanhar o Moçambique, que acaba de ser independente, dizem que tem que distribuir bem o recurso. Moçambique acaba de ter há pouco tempo um poço aí com gás. Como é que está a distribuir esse gás? O gás ainda nem aparece”, disse, enfatizando a necessidade de mais tempo para que os recursos sejam explorados e beneficiem o povo.
O ex-presidente criticou a exigência de uma distribuição justa da riqueza antes que os recursos sejam efectivamente extraídos e utilizados. “Querem meter confusão entre nós e, naturalmente, temos situações como aquelas que estamos a ver em Cabo Delgado e outras convulsões sociais. Querem que nós distribuamos correctamente a riqueza que nós não temos. A nossa riqueza está lá embaixo da terra”, afirmou. Guebuza defendeu que, até que os recursos sejam descobertos e transformados, levará décadas, e não faz sentido julgar a capacidade de distribuição do país antes desse processo.
Além disso, o antigo estadista “comparou” o programa de governo actual ao que foi implementado durante a sua presidência, afirmando que o seu programa era excelente. “Eu penso que o programa que eu tinha era excelente. Não estou a comparar com o programa de hoje, mas era um programa excelente”, disse, lembrando a construção de infraestruturas importantes durante o seu mandato.
Guebuza fez uma referência às “dívidas ocultas”, explicando que foram contratadas para responder a desafios prementes de segurança e estabilidade. Também, reconheceu que houve desarticulação das estruturas internas, o que dificultou a coordenação dos esforços para o desenvolvimento. “Falta de unidade. É o exemplo típico. E a unidade começa nas ideias e depois vai para as acções, depois continua no discurso, até consolidar-se ou desfazer-se”, concluiu, reafirmando a importância da unidade na construção de um futuro melhor para Moçambique. (Bendito Nascimento)