Devido a este problema, as pessoas perderam a vontade de lutar por este País. Perderam a lucidez de acreditar num futuro melhor. Desistiram de uma terra que é deles. Devido à fome que se faz sentir em muitas casas em Moçambique, as pessoas perderam autoestima e tudo que vem pela frente pensam que é uma oportunidade para comer!
Em certos distritos e cidades que percorri, percebi que passados mais de 40 anos de independência e com quatro presidentes distintos ainda existem milhões de moçambicanos que marcam bichas enormes para receber um simples pão seco e de vários dias em lojas pertencentes há cidadãos somalis ou paquistaneses.
Num País como Moçambique, com milhões de jovens e extensas áreas de terra aráveis não exploradas e nem com perspectivas de um dia serem ocupadas e numa altura que nos encontramos na fase de transição, que tal se o próximo governo se lança uma iniciativa como: “Uma família, uma machamba”, como forma de combater a fome no País. Porque se continuarmos à espera de um anjo ou de projectos que só servem para alimentar o ego e o fanatismo por estatísticas falseadas, então continuaremos a ver milhões de compatriotas a morrerem de fome.
Moçambique tem vários problemas, mas neste momento, o grande calcanhar de Aquiles que deveria nos atormentar é mesmo a fome, porque não adianta andarmos a vender projectos supostamente estruturantes enquanto no fundo o povo morre de fome e sem horizonte de saída. Podemos até encher em comícios e nas caravanas dos candidatos eleitorais, mas o verdadeiro nacionalista dos nossos tempos será aquele souber resolver o problema estomacal do povo, porque como todos sabem nenhum saco se mantem em pé, vazio!
É importante que o próximo Presidente a ser eleito no dia 09 de outubro próximo priorize dentre todas as coisas, primeiro trate do problema da fome em Moçambique, mesmo que seja para que cada família tenha uma machamba e o governo através das estruturas dos bairros e do Ministério da Agricultura, ajude as famílias produzirem sua comida, melhorem a sua nutrição e consequentemente sua condição de vida e posteriormente podemos ter um País com crianças saudáveis e preparadas para vencer.
Não adianta fazer a revisão dos contratos de gás. Não adianta construir uma linha férrea do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico. Adianta movimentar a Assembleia da República de Maputo para Mocuba ou qualquer outro ponto do País. Não adianta fazer uma fábrica de medicamentos, enquanto o povo morre de fome por falta de políticas sérias viradas ao desenvolvimento humano e a humanização da pessoa desde a tenra idade em Moçambique.
Moçambicanos e caros candidatos presidenciais, tragam soluções para o problema da fome em Moçambique. Falem de como pretendem resolver este perigoso problema que intensifica a mendicidade no País e vos deixa distante de quem de verdade sofre nesta pátria – o povo que vocês mentem que tem três refeições, mas que no final do dia vai marcar fila na mercearia ou padaria do somali, bengali, paquistanês ou indiano no Gúruè, Lichinga, na Cidade de Nampula, na Beira ou Chimoio para implorar por um pão seco no seu próprio País, é triste e revoltante – mudemos isto por favor!
Contudo, precisamos urgentemente de um projecto destes: “Uma família, uma machamba”, porque só com o estômago devidamente alimentado poderemos pensar melhor, ter força, coragem, inteligência e cavalgaremos devidamente e seguros de tudo e todos para lutar pelo bem de Moçambique. (Omardine Omar)