INTEGRITY – MOÇAMBIQUE, 02 de Setembro de 2022 – O distrito de Machanga, localizado a sul da província de Sofala, registou nos primeiros 6 meses deste ano, 2022, 7 casos de acidentes marítimos, sendo 6 de afogamento que resultaram em 6 óbitos e 1 de naufrágio. Nas contas que o distrito faz, houve uma subida destes casos, pois, apesar de ser perigoso o mar naquela região, no primeiro semestre de 2021, registou-se 3 óbitos. A administradora do distrito, Natália Chivambo, expõe as potencialidades daquele distrito, mas realça a necessidade de reduzir os acidentes marítimos na região.
Por: António Zacarias
AZ – Mas não há Polícia costeira para controlar a subida das águas do mar e controlar as pessoas que entram?
NC– Temos Polícia Costeira. Mas precisamos de elevar a consciência da população local. Há parcerias que podem ajudar de certa forma. No distrito de Machanga foi realizada em parceria com o Instituto da Cooperação Económica Internacional (ICEI),uma reunião de auscultação sobre a degradação nas zonas costeiras com especial destaque para os bairros de Lihua-Chicota e Nhajombo, na vila sede do distrito, nos povoados de Inhagosse, Chirinda e Divinhe na sede do Posto Administrativo de Divinhe e ainda no Posto Administrativo de Chiloane, sendo os povoados de Nhanguvo, localidade de Inharingue e Chiloane sede. Mas mesmo assim, os acidentes marítimos destacam-se, levando a necessidade de se realizar um trabalho para reduzir sua ocorrência. Devemos garantir a redução de acidentes marítimos em Machanga, porque estamos a perder muitas pessoas e do ano passado para este, o número de acidentes e de óbitos aumentou.
AZ – Pelo que estou a perceber, trata-se de uma parceria que apoia na gestão ambiental…
NC – Sim, pela necessidade de fortalecer a gestão sustentável dos recursos naturais e do ambiente, sendo por isso que o distrito está a aprimorar o Planeamento e Ordenamento Territorial e fortalecer a monitoria e fiscalização na sua implementação. Nesta missão, foram demarcados 41 talhões nos bairros da sede do distrito de um plano de 160, o que representa uma realização de 25,6% e um decréscimo de 3,4% comparativamente a igual período de 2020 em que foram demarcados 78 talhões. E ainda foram realizadas 24 missões de combate a artes nocivas à pesca, contra 18 de igual período do ano passado, de um plano de 39, resultando na apreensão de 5 artes de pesca, e destruição de 3 artes nocivas a pesca, sendo 3 de rede mosquiteiras.
AZ – Machanga tem, pela sua característica geográfica que constitui distrito costeiro e também com grande parte de sequeiro, um tratamento especial na área criminal…
NC – Não duvide. Mas estamos a controlar. Repare que o Gabinete de Atendimento à Família Menor Vítima de Violência, registou 3 casos criminais, sendo 1 de violação de menor e 2 de violência física grave, contra 1 de igual período de 2021. Mas há ainda um objectivo estratégico que visa assegurar a ordem e tranquilidade públicas, sendo por isso que o distrito já desencadeou 11.145 patrulhas, contra 7.353 realizadas no igual período de 2021, havendo subida em 3.792. Foram registados 7 casos criminais, contra 16 casos de igual período de 2021. Dos casos registados, foram esclarecidos, o que representa uma percentagem de 100% de esclarecimento. Aqui, foram também registados 2 casos de acidente de viação, sendo de despiste e capotamento e choque entre veículos, contra 3 casos de igual período de 2021. Dos acidentes registados resultaram em 6 feridos graves, 8 feridos ligeiros e danos avultados nas viaturas. As prováveis causas dos acidentes são o excesso de velocidade.
AZ – Bom, este assunto de gestão ambiental deve ser forte. Que acções concretas há no distrito?
NC – Posso dizer que para além de produção de mudas, num total de 5.894 diversas de um plano de 6.000, contra 1.745 de igual período do ano transacto, representando uma realização de 98,23% e um decréscimo em mais de 100%, foram realizadas 45 palestras sobre as queimadas descontroladas, conservação de recursos florestais e protecção das zonas costeiras nas escolas e nas comunidades da sede do distrito e na localidade de Maropanhe, de um plano de 60 palestras representando uma realização 75% e um crescimento de 50% comparativamente a igual período de 2021 em que foram realizadas 30 palestras. Neste quadro, foram realizadas 425 palestras de plano 600 representando a uma realização de 70,8% e um crescimento de 16,4%, comparado com as 365 palestras efectuadas em igual período de 2021. As palestras decorreram nas unidades sanitárias, escolas e nas comunidades, onde foram abrangidas 6.366 pessoas.
AZ – Que capacidades têm o distrito para realizar essas actividades nas escolas e nas unidades sanitárias?
NC – Em termos de meios? Posso dizer que o distrito recebeu do Conselho Executivo Provincial uma ambulância hospitalar, para além de outra viatura para o mesmo fim oferecido no âmbito da responsabilidade social pelo investidor JW EMMANUEL AGRO.
AZ – Na última vez, creio que foi no ano passado, quando estivemos aqui no distrito, havia muitas perspectivas de desenvolvimento local…
NC – Algumas prevalecem, mas outras já foram ultrapassadas. Não posso agora saber quais e que prevalecem. Mas pretendemos produzir culturas de milho, arroz, mapira, mexoeira, mandioca, batata-doce que se adequam com as condições climáticas de cada região para garantir a segurança alimentar no distrito. Pretendemos concluir a construção do Centro de saúde do tipo II de Nhamachir, concluir a construção do Tribunal Distrital e 2 residências para os magistrados. Depois, temos a ideia de concluir a construção de 3 sistemas de abastecimento de água, concluir a construção de 2 celas no Comando distrital e ainda expandir a rede eléctrica pelo distrito. Para além de concluir a construção da Residência do chefe da localidade de Inharingue, concluir a construção da ponte que liga os bairros de Mavinga e Zivava. Mas isso não é tudo. Temos a necessidade de construir a residência do Chefe da Localidade de Maropanhe, construir um sistema de abastecimento de água em Zimuala e também construir e reabilitar furos de abastecimento de água no distrito.
AZ – Já há recursos financeiros para tantas acções assim?
NC – São desafios, porque construir um Centro de Saúde na localidade de Zimuala, construir um Posto Policial na Localidade de Zimuala, prosseguir com acções de combate a Malária e mitigar o conflito homem e fauna bravia, são actividades que mesmo sem orçamentos, devem acontecer. Também devem acontecer, mesmo que as parcerias não surjam, lutaremos para buscar a fim de construir um Hospital Distrital, aqui na sede do distrito, construir uma incineradora de lixo hospitalar e asfaltar 60 km de estrada daqui da sede distrital até a estrada nacional N1. Outros desafios estão relacionados com a expansão da rede de telefonia móvel para o Posto Administrativo de Chiloane duas Localidades (Buene e Inharingue), construir 3 salas de aula na localidade de Buene e transformar as salas anexas de Divinhe em Escola Secundária.
AZ – Senhora Administradora, mas qual plano deste ano, 2022, o Plano Económico, Social e Orçamento propriamente dito?
NC – Considero vasto. Neste ano, pretendemos atingir uma Produção global de 4.2 Mil Milhões de Meticais e alcançar uma produção agrícola de 146.712 toneladas. Pretendemos criar oportunidades de emprego através da melhoria contínua do ambiente de negócios que favoreça a atracção do investimento privado e construir e expandir a rede de infraestruturas de acesso aos serviços básicos de Saúde, Educação, Água e Saneamento.
AZ – Como pode um distrito como Machanga concretizar essas premissas?
NC – Bom, posso dizer que só com o trabalho. Não é por eu ser professora. Mas na área de Educação, funcionam no distrito 47 escolas contra 46 que funcionaram no ano de 2021, destas 44 Escolas são do 1º e 2º Grau, 1 Escola Secundária do 1º e 2º Ciclo, 1 Escola Comunitária que leccionada 1ª a 12ª Classe e 1 Instituto Médio Agrário. Na área da Saúde, o distrito conta com 10 unidades sanitárias, sendo um (1) Centro de saúde do tipo I com capacidade de internamento com 44 camas e 9 Centros de Saúde tipo II.
AZ – A mulher, melhor, a rapariga no distrito?
NC – Aqui devo assinalar que foram registados 58.626 utentes nas consultas externas contra 56.709 de 2021 com um aumento na ordem de 3%. Deram partos nas instituições sanitárias 1.504 mulheres, das 2.918 planificadas, o que corresponde a 51.5% de execução e com um decréscimo na ordem de 6.1%. Beneficiaram de bolsas de estudo 8 raparigas no âmbito do programa FDC-Viva+ com duração de 6 meses, nas especialidades de pedreiro, electricidade e canalização.
AZ – Senhora Administradora pode falar um pouco das potencialidades do distrito?
NC – Devo assinalar que o distrito possui uma diversidade sócio-cultural e abundância de recursos naturais capazes de alavancar a economia local. Mas tem potencialidades que podem alavancar a economia local, a saber potencial agropecuário em que contamos com 88.700 hectares de terras aráveis e com principais culturas agrícolas como a de milho, mapira, mexoeira e arroz. Machanga tem cerca de 300.000 ha ocupados por florestas, 77.000 ha para pastagem. Na pecuária destaca-se a criação do gado bovino e caprino e outros animais de pequena espécie.
O nosso potencial de pesca e aquacultura está concentrado nos 2 Postos Administrativos, nomeadamente, Divinhe e Chiloane banhados pelo Oceano Índico e que fazem parte do banco de Sofala, que é a mais importante reserva de recursos pesqueiros do país. Os produtos pesqueiros predominantes são o peixe, camarão, caranguejo, lagosta, amêijoa e lulas com estimativa de captura anual avaliado em 7.078 toneladas por ano. Temos potencial florestal. As florestas cobrem uma área de 300.000 ha, pertencente à coutada oficial no 5, que possui um potencial de variedade de espécies de Panga-panga, Monzo, Chanate, Chacate preto, Umbila, Pau-preto e pau-ferro.
Temos um potencial de minerais e hidrocarbonetos com destaque para gesso, calcário, gás, sal, pedras e areias para construção de infra-estruturas e para além de potencial turístico/faunístico num raio de 120 km de costa marítima, rica em recursos marinhos.
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