“A GRANDE BURLA DA FILHA DO GOVERNADOR PIO MATOS”, escreve o activista político e Jornalista Zito Ossumane

O Governo da Zambézia, sob a chefia de Pio Augusto Matos, actual governador que também busca a sua própria reeleição, imposto pelo presidente da Frelimo, Filipe Nyusi, dado que seus correligionários do partido nesta província já não o querem, demonstraram claramente ao não lhe reconduzir na reunião da comissão política provincial, na qual ele concorreu solitariamente como candidato, para estas vindouras eleições de 9 de outubro, adjudicou de maneira directa (sem concurso público) 10 milhões de meticais à firma OK Corporation, de que é proprietária Marla Matos, filha do Governador da Zambézia.

Só até este ponto há delitos irrefutáveis, que podem levar uma dezena de indivíduos à cadeia, bem como uma acusação directa ao senhor Pio Matos, por práticas de nepotismo e pelo ultraje à inteligência dos cidadãos desta província.

Mas a trama é ainda mais abissal. A transferência deste montante foi realizada em 2022, de modo que a população martirizada de Inhassunge já deveria ter recebido, naquele mesmo ano, o meio de transporte (embarcação) destinado à carga e ao transporte de pessoas. Decorrido tanto tempo, a embarcação apenas chegou nesta semana. O acordo estabelecia que a referida embarcação deveria possuir capacidade para mais de 40 pessoas e aceitar cargas; todavia, a embarcação entregue pela filha do governador Pio Matos comporta menos de 30 pessoas e não possui espaço para carga, sendo, na realidade, uma embarcação de turismo. No mercado, tal embarcação tem um valor que se aproxima a 5 milhões de meticais, ou seja, metade dos 10 milhões que foram recebidos.

Alguns jornais veicularam recentemente que o extracto bancário da conta da OK Corporation (citando fontes e documentos da Procuradoria) contendo essa verba, demonstra pagamentos efectuados via POS em bares e outros estabelecimentos similares. Não é minha intenção discutir isto neste momento, mas tal prática pode configurar um crime conhecido como desvio de aplicação ou algo de semelhante gravidade.

Fontes do Governo, as quais reputo como idóneas, enviaram-me imagens que comprovam que a embarcação está em Quelimane, devidamente atracada no Porto de Pesca. Há muita narrativa em torno deste caso que, como todos somos testemunhas, nos últimos dias foi alvo das minhas exigências com assiduidade. Para aqueles que desejarem seguir o caso com mais detalhe, recomendo a aquisição das edições de hoje do matutino Diário da Zambézia, editado em Quelimane, e do semanário Jornal Evidências, com sede em Maputo.

Em nome de Inhassunge e do seu povo, longamente martirizado, tomaremos medidas enérgicas e apropriadas para enfrentar este insulto e a total falta de consideração, utilizando todos os meios disponíveis e necessários para restaurar a legalidade e a justiça. Um governante que não respeita o povo, não merece, de modo algum, o respeito. Malucos não são só vocês, tenho dito!

Exit mobile version