Escândalo de subornos: Boston Consulting Group (BCG) envolvida em práticas corruptas em Angola

INTEGRITY-MOÇAMBIQUE, 30 de agosto de 2024-A Boston Consulting Group (BCG), uma das principais empresas de consultoria do mundo, foi implicada em um extenso esquema de subornos para garantir contratos em Angola, conforme revelado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) na quarta-feira (28 de agosto).

Entre 2011 e 2017, durante o consulado do falecido Presidente angolano José Eduardo dos Santos, a BCG pagou milhões de dólares em subornos. O DOJ detalhou que a consultoria transferiu dinheiro através de seu escritório em Lisboa, Portugal, para contas offshore controladas por intermediários com vínculos com autoridades angolanas e membros do partido governante, o MPLA. A BCG pagou entre 20% e 35% do valor dos contratos a um agente com conexões com o governo angolano, utilizando três entidades offshore distintas para canalizar os pagamentos.

A investigação revelou que funcionários da BCG em Portugal tomaram medidas para ocultar a verdadeira natureza do trabalho do agente, incluindo a manipulação de contratos e a falsificação de documentos relacionados ao trabalho realizado. A consultoria ganhou um total de 11 contractos com o Ministério da Economia e um com o Banco Nacional de Angola durante o período investigado, arrecadando cerca de 22,5 milhões de dólares.

Apesar das evidências de suborno, o DOJ decidiu não processar a BCG sob a Lei de Práticas de Corrupção no Estrangeiro (FCPA). A decisão foi baseada na auto-revelação voluntária da empresa, sua total cooperação com a investigação e as melhorias significativas em suas práticas de conformidade. Em acordo com o governo dos EUA, a BCG concordou em devolver 14,4 milhões de dólares, que foram identificados como lucros obtidos de forma corrupta em Angola.

A empresa encerrou suas operações em Luanda e destacou que reforçou suas políticas de conformidade e controle interno para evitar práticas corruptas no futuro. A BCG também manteve relações comerciais com a Sonangol, sob a gestão de Isabel dos Santos, filha do então Presidente dos Santos. (BN)

Exit mobile version